A apresentação do filme “Gorongosa Renascida”, sobre um dos maiores parques nacionais do mundo, foi o mote da visita da delegação do Parque Nacional da Gorongosa à UCCLA, no dia 26 de março.
Sessão presidida pelo Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, Mateus Mutemba, Administrador do Parque, Vasco Galante, Diretor de Comunicação do Parque, Manuel Ferreira de Almeida, técnico da UCCLA responsável por este encontro/debate, e que contou com a presença de Ananias Sigaúque, Ministro Conselheiro da Embaixada da República de Moçambique em Portugal, assim como de muitas pessoas interessadas no tema.
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Vitor Ramalho salientou que Moçambique foi fustigado, ao longo de muitos anos, por uma guerra que acabou por afetar, de forma profunda, o Parque da Gorongosa e que, “há cerca de 10 anos, tem havido um esforço de recuperação do parque, numa dinâmica que já está muito consolidada”, com uma “fauna já muito relevante”.
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O responsável destacou, ainda, as atividades que a UCCLA terá ao longo deste ano, desde logo a homenagem à Casa dos Estudantes do Império, e da vinda de diversas personalidades importantes a Portugal que desempenharam funções de Presidentes da República e Primeiros-Ministros, como Joaquim Chissano (Moçambique), França Van Dúnem (Angola), Mário Machungo (Moçambique), Pedro Pires (Cabo Verde), Miguel Trovoada (São Tomé e Príncipe).
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Para o Administrador do Parque, Mateus Mutemba, é uma honra o convite formulado pela UCCLA, principalmente num ano em que se está a dar destaque “àqueles que lutaram pela libertação dos nossos países”.
O filme “Gorongosa Renascida”, com 25 minutos e que teve como protagonista um jovem moçambicano Fernandinho Ussene, deu a conhecer algumas das iniciativas que estão a acontecer na Gorongosa, fruto de uma parceria público-privada de mais de 20 anos, entre o Governo de Moçambique e a ONG americana “Gorongosa Restoration Project”, do filantropo Greg Carr.
Um debate, após a projeção do filme, permitiu a todos compreender melhor o projeto de restauro e recuperação do Parque Nacional da Gorongosa, considerado como um exemplo de equilíbrio ambiental, desenvolvimento social e progresso económico.
Vasco Galante, Diretor de Comunicação do Parque, explicou o filme e a estratégia de comunicação do parque por forma a captar mais visitantes, assim como os apoios que têm vindo a receber. Salientou, ainda, o aumento do número de espécies existentes no parque, com poucas dezenas a quando do conflito e, segundo a última contagem, perto de 74 mil animais em cerca de 50% do parque.
Questionado sobre se o conflito em Moçambique prejudicou a Gorongosa, Mateus Mutemba afirmou que “qualquer conflito não faz bem a qualquer sociedade e nós já passámos por isso, tivemos 16 anos de conflito, que não nos fizeram bem, mas também saboreamos e temos estado a saborear a paz e a servir como exemplo de um país de reconstrução e de desenvolvimento”, acrescentando que “costumo dizer que a Gorongosa, em si, é um retrato fiel da história de Moçambique, porque ela tem representado estas diferentes etapas da história e o que nós estamos a fazer no parque, neste momento, é precisamente materializar esta agenda, passada a reconstrução, caminhar para o desenvolvimento”. A restauração começou em 2006 e o senso de visitantes, feito em 2007, indicava menos de mil visitantes. “Este número subiu à medida que o trabalho de promoção do parque foi feito, devolvemos a Gorongosa ao mapa do turismo” Os valores aumentaram para cerca de 3000, 7500 em 2012, 6000 em 2013 e em 2014 cerca de 1400 pessoas. Estes valores são demonstrativos da “situação de incerteza, de conflito” que passou em Moçambique. O responsável está confiante no desenvolvimento do parque e do país, uma vez que, ao longo dos tempos, têm trabalhado para isso mesmo.
O trabalho de recuperação da estrada de acesso ao parque, a partir da cidade da Beira, o engajamento das famílias que vivem na serra com a possibilidade de produção de café orgânico, a formação de apicultores, a vontade de o parque se tornar sustentável do ponto de vista financeiro, a existência do antílope Inhala (raro no continente africano e existente no parque) e a não existência de girafas, por não se adaptarem ao ambiente do parque, foram alguns dos assuntos dados a conhecer aos presentes.
Veja aqui o video
Mateus Mutemba, Administrador do Parque
Parque Nacional da Gorongosa
Fotos da Gorongosa em alta definição