A apicultura é uma atividade de grande importância económica e social, que contribui, paralelamente, para a manutenção e preservação dos ecossistemas existentes. A Guiné-Bissau apresenta características particulares de flora e clima - aliadas às especificidades das abelhas melíferas - que lhe confere um enorme potencial para a atividade apícola.
Num país em que grande parte da sua população está afeta ao setor primário e em que predomina uma agricultura de subsistência, a apicultura é, na generalidade dos casos, um setor complementar das restantes atividades rurais, mas também de tantos outros setores profissionais.
Nesse mesmo sentido, em 2010, a UCCLA promoveu e coordenou um projeto apelidado de “Valorização da Apicultura nas Regiões de Bafatá e Gabu: Produção, Transformação e Comercialização”.
O projeto teve a duração de 36 meses, no período compreendido entre 1 de março de 2010 e 28 de fevereiro de 2013. Financiado pela União Europeia (referência: Europaid/128139/L/ACT/GW) e pela Cooperação Portuguesa e Governo da Guiné-Bissau, teve, como parceiros, a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal, a Associação para a Promoção do Desenvolvimento Local (Bafatá), o Instituto Politécnico de Bragança/Escola Superior Agrária de Bragança e o Instituto Camões.
O objetivo global deste projeto foi o de contribuir para a valorização da apicultura, através da produção, transformação e comercialização, como recurso económico na luta contra a pobreza nas regiões de Bafatá e Gabu, na Guiné-Bissau. Os objetivos específicos passaram, por sua vez, pela organização da fileira apícola e pela dinamização das capacidades das comunidades locais no aproveitamento dos seus próprios recursos.
O grupo-alvo desta ação correspondeu a um conjunto de 200 apicultores, distribuído por 9 agrupamentos setoriais das regiões de Bafatá e Gabu, 20 mulheres da unidade agroindustrial, 100 artesãos e transformadores, funcionários dos Comités de Estado e Direções Regionais de Agricultura, professores e alunos da comunidade escolar.
No âmbito do projeto, a 25 de janeiro de 2011 foi constituída e legalizada a Associação dos Apicultores do Leste. Dada a sua importância, o projeto foi objeto de difusão pela RTGB (Rádio Televisão da Guiné-Bissau), Rádio Nacional e Rádio Sol Mansi, com ampla cobertura nacional. Após concluída a construção do edifício sede da Associação e unidade industrial, foram distribuídas mais de 1000 colmeias, construídas casas de mel na região e realizadas ações de formação. Uma das grandes concretizações do projeto, correspondeu à criação e constituição de uma marca, a Badjudessa.
O logótipo foi produto do envolvimento da comunidade local, através da seleção dos trabalhos em banda desenhada apresentados pela comunidade escolar e orientados para a “temática da importância das abelhas, do mel e da marca badjudessa”.
As missões levadas a efeito pelos parceiros, permitiram reforçar as capacidades da equipa local nos domínios da valorização e transformação de produtos com o aproveitamento do mel e da cera para a realização de produtos de confeitaria, cosmética, saponária e velas, assim como ao nível da vertente produtiva (maneio de colónias, gestão da melaria e processamento do mel), de administração, gestão e empreendedorismo.
Consulte aqui a exposição fotográfica realizada sobre o projeto
Este projeto deu origem a um projeto de investigação no Instituto Politécnico de Bragança, o qual poderá consultar no link https://bibliotecadigital.ipb.pt/handle/10198/11427
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