Pedro Santana Lopes

Em Junho de 1985, um grupo de autarcas lusófonos sob a égide de Nuno Krus Abecasis, lançou a UCCLA – União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa – demonstrando um espírito visionário do que poderia ser, anos mais tarde, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, CPLP. 

Kruz Abecasis potenciava assim «as extraordinárias possibilidades abertas pelos laços linguísticos, históricos, culturais, de tradição e de amizade que unem todos os países da comunidade lusófona» cumprindo a vocação essencial das cidades que é «viver em paz, promover o bem estar e avançar, solidariamente, no caminho do progresso». 

Ao convocar as principais cidades que falam português nos quatro cantos do Mundo, o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa propôs encontrar «nas acções concretas o terreno ideal para a correcta e plena realização do intercâmbio de experiências e cooperação, em ordem a um melhor conhecimento recíproco». 

Vinte anos depois, fizemos caminho. Recebemos, com entusiasmo, Cidades que somam os carismas dos Continentes Asiático, Africano, Americano e Europeu. Destaco a entrada de Dili pela alegria sentida na União com o nascimento de mais um país lusófono. Estreitámos laços. Respondemos a necessidades reais dos nossos cidadãos. Crescemos em experiência e obras, por vezes com diferentes velocidades, como é próprio dos organismos vivos. Mas, tal como os fundadores idealizaram, encontrámos sempre «nas acções concretas o terreno ideal para o Desenvolvimento». 

Tentei contribuir activamente para a persecução deste caminho enquanto Presidente da Comissão Executiva da UCCLA entre 2002 e 2005. Um novo tempo foi inaugurado em Novembro de 2002 na XVIIIª Assembleia-Geral da UCCLA na Cidade da Praia com o lançamento de mais de uma dezena de grandes obras, permitido pelo reforço orçamental então decidido e pela vontade política que o animou. 

Muito está ainda por fazer. Reforçar o interesse das cidades do Brasil, de Macau ou de Angola, a par dos demais associados da UCCLA; captar o empenho da sociedade civil, a força da iniciativa empresarial, o sábio contributo das Universidades e a repetida confiança das instituições que há muito conhecem o terreno urbano em que trabalhamos. 

Os vinte anos que agora celebramos com fundamento só nos responsabilizam perante os que nos sucedem. Que dentro de outros vinte anos possam então festejar caminhos que levem a UCCLA ainda mais longe. A bem dos povos que em nós confiam. 

«Crescemos em experiência e obras, por vezes com diferentes velocidades, como é próprio dos organismos vivos»

Funções

Presidente da Comissão Executiva (2002-2004)