Francisco Lopo de Carvalho

O NOVO RUMO LUSÓFONO

Vinte anos após a sua criação, a UCCLA respira uma nova vitalidade à qual não é alheia a visão de uma administração mais moderna e eficaz que se tem progressivamente incutido na cultura da organização.

Para além e através dos vários projetos em curso de preservação, restauração e valorização de património cultural, a UCCLA constitui prioritariamente um verdadeiro elo de ligação das comunidades onde se fala o Português. Pretendemos que os membros da UCCLA se sintam inseridos num verdadeiro espaço lusófono caracterizado pela inexistência de fronteiras culturais. A ajuda ao desenvolvimento pode e deve passar por uma maior colaboração entre todos na defesa da língua e na preservação do nosso património comum. Ações de formação na difusão da língua e tecnologia no espaço lusófono onde se sinta e desenvolva o Português são a nossa prioridade.

A esta missão de favorecer a tomada de consciência da identidade lusófona está associado um novo desafio. Este novo e decisivo desafio vem na linha da estratégia adoptada em 2000 pelas Nações Unidas – a UCCLA deverá ter um papel interveniente no apoio às cidades mais carenciadas no alcance dos denominados Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. Estes objetivos constituem o quadro de referência para a ajuda ao desenvolvimento (APD), tendo os países mais desenvolvidos das Nações Unidas assumido o compromisso de apoiar os países em desenvolvimento sendo a União Europeia um ator muito influente na APD.

O desafio será pois colocar a UCCLA como um ator de referência na canalização da ajuda internacional para as cidades membro prestando o apoio necessário na elaboração/formatação e subsequente financiamento dos projetos candidatos à APD. Trata-se do desenvolvimento e implantação de um serviço UCCLA tipo “chave na mão” que consubstancia uma real ação de ajuda focalizada no desenvolvimento das cidades mais carenciadas.

É um desafio ambicioso para o qual são precisos novos parceiros. Empresas e empresários audazes, criativos e empreendedores que se juntem a nós e às entidades que connosco colaboram para que a realidade da lusofonia não seja apenas uma palavras vã.

Hoje em dia vive-se uma oportunidade histórica para que a cooperação entre as várias entidades lusófonas sob a égide da UCCLA possa ser uma realidade que traga prosperidade e desenvolvimento para quem mais precisa. Angola está em paz e apresenta níveis de crescimento económico assinaláveis. Moçambique consolidou a sua vivência democrática, o Brasil é o país charneira da América Latina. Macau pretende manter a sua herança lusófona integrada na República Popular da China, país que se assume, cada vez mais, como um dos principais motores de crescimento económico mundial. Nos próximos tempos, o desafio passa também por acolher as antigas cidades e comunidades de tradição lusófona espalhadas pelos quatro continentes.

Está na hora de assumirmos o futuro com determinação, vontade e eficácia. A nossa missão é o desenvolvimento e afirmação da lusofonia. Para este fim e por este fim o esforço é de todas as cidades membro da UCCLA.

*Secretário-Geral da UCCLA
Março de 2005

Funções

Secretário Geral da UCCLA (2004-2008)