A Ilha de Moçambique foi classificada como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 1991. No dia 11 de dezembro de 2003, foi assinado um acordo entre a UNESCO e o governo de Moçambique, para a recuperação da Fortaleza de São Sebastião, um dos locais inscritos na Lista do Património Mundial em 1991.
O projeto de reabilitação da Fortaleza de São Sebastião teve início em janeiro de 2007, sendo financiado pelo Instituto Camões, à data IPAD - Instituto Português de Ajuda e Desenvolvimento, pela União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), pela UNESCO e por fundos fiduciários oriundos da Bélgica, Holanda e do Japão (principal financiador).
A recuperação da Fortaleza de São Sebastião foi considerada uma ação estratégica pelo seu valor histórico e imponência, bem como por ser suscetível de desencadear o desenvolvimento de outros sectores e atividades, de entre os quais o turismo, que tem contribuído substancialmente para a elevação da qualidade de vida dos ilhéus e das instituições.
Assim sendo, os objetivos fixados para a recuperação da Fortaleza de São Sebastião foram:
• Prevenção de uma maior deterioração do Monumento;
• Restauração de estruturas fortificadas e edifícios componentes para novas funções;
• Gestão e manutenção sustentáveis da Fortaleza, incluindo formação e materiais de interpretação do local.
O público-alvo do projeto foi a população local da ilha - estimada em 17 mil habitantes - considerando que esta depende essencialmente da pesca de subsistência e do turismo.
O projeto beneficiou esta população através da disponibilização de postos de trabalho, formação profissional sobre técnicas tradicionais de construção, conservação e manutenção de estudantes da Escola Profissional da Ilha de Moçambique, fornecimento de água potável, bem como da melhoria da atração turística, gerando uma fonte de receitas para a economia e populações locais.
O processo de reabilitação dividiu-se em duas fases. A 1.ª fase do projeto - respeitante à fase de implementação preventiva do projeto - teve lugar entre janeiro de 2007 e junho de 2009. Nesta fase, foram abordados os aspetos mais urgentes que ameaçavam a estabilidade estrutural e a integridade arquitetónica da fortaleza, incluindo o benefício pretendido para a comunidade local.
Assim, enquanto resultados tangíveis desta primeira fase, que contou com a intervenção direta da UCCLA, destaca-se a estabilização e reparação dos elementos estruturais decadentes das muralhas e edifícios da fortaleza, a reabilitação dos sistemas de recolha e armazenamento de águas pluviais em colapso e restauro das cisternas da fortaleza e a construção de uma nova cisterna, fora do monumento, para o abastecimento regular de água segura à comunidade local.
Durante esta fase, foi ainda possível proceder à instalação de todos os serviços infraestruturais necessários para o devido tratamento da água, bombeamento e ligação entre as cisternas, incluindo instalações sanitárias públicas para os visitantes, e a renovação de um edifício para efeitos de serviços administrativos e centro de interpretação.
O processo de reabilitação empregou e formou cerca de 100 artesãos da comunidade local como mão-de-obra qualificada e semiqualificada para o projeto, durante 12 meses, dos quais aproximadamente 60% puderam permanecer empregados em outras obras de reabilitação em curso na Ilha. Proporcionando, ainda, a formação profissional de 30 diplomados da Escola de Artes e Ofícios da Ilha de Moçambique, ao longo de um período de cinco meses.
A 2.ª fase, com início em janeiro de 2010, compreendeu o fornecimento da reabilitação e restauração necessárias do complexo do edifício para as suas novas funções ainda não especificadas, para o desenvolvimento de um plano de gestão e manutenção sustentável, e a instalação de um centro de interpretação e materiais.
Reabilitação da Fortaleza de São Sebastião - UNESCO
Sobre a Fortaleza de São Sebastião:
Coordenadas: 15º 01' 44" S 040º 44' 38" E
A Fortaleza de São Sebastião está situada na Ilha de Moçambique, na província de Nampula. Foi construída no séc. XVI pelos governantes coloniais portugueses, mais concretamente, entre 1588 e 1620, sendo a maior fortaleza da África Austral. A sua primeira finalidade foi de cariz militar, considerando o porto comercial português na rota marítima, para a Índia, para as especiarias e marfim, que mais tarde veio a ser utilizado para o comércio de escravos, na segunda metade do séc. XVIII. A sua arquitetura foi fortemente inspirada pela arquitetura militar italiana renascentista, que se têm mantido inalterada desde então. Os materiais que a compõe são característicos da região, com pedras do balastro dos navios, algumas das quais ainda se veem na praia mais próxima.
Fontes complementares
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