Reabilitação do ex-Campo de Concentração do Tarrafal
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Reabilitação do ex-Campo de Concentração do Tarrafal
Publicado em 24-01-2021

Preservar a memória coletiva é o objetivo do investimento na reabilitação do ex-Campo de Concentração do Tarrafal de Santiago, em Cabo Verde. O pontapé de saída para a reabilitação foi dado no dia 23 de janeiro.

De acordo com o primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, "investimos (na reabilitação) porque é importante para Tarrafal, para Cabo Verde e para a memória coletiva", adiantando que "as memórias negativas da História devem ser preservadas para que se possam proteger as democracias e liberdades" atuais.

Placa-Reabilitação do ex-Campo de Concentração do Tarrafal


De recordar que o campo de Concentração do Tarrafal foi classificado pelo Governo de Cabo Verde como Património Cultural Nacional em 2016 e integra, atualmente, a lista indicativa de Cabo Verde na UNESCO.

Trata-se do museu mais visitado em Cabo Verde, mas que está encerrado desde 9 de março de 2020 para obras de reabilitação, inseridas no plano do Governo para candidatar o espaço a Património da Humanidade, durante este ano de 2021.

O Tarrafal recebeu mais de 500 pessoas, entre 340 antifascistas e 230 anticolonialistas. Destes, 34 morreram no local.

Situado na localidade de Chão Bom, o antigo Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936 e recebeu os primeiros 152 presos políticos em 29 de outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956.

Em 1962, foi reaberto com o nome de “Campo de Trabalho de Chão Bom”, destinado a encarcerar os anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.

Após a sua desativação, o complexo funcionou como centro de instrução militar, escola e desde 2000 alberga o Museu da Resistência.

 

Fotos do lançamento da reabilitação do ex-Campo de Concentração do Tarrafal

 

Mais informação sobre o Campo de Concentração do Tarrafal:

O Campo de Concentração do Tarrafal constitui um símbolo de extrema importância para a História de Cabo Verde. Aberta em 1936, durante anos, representou para o país um lugar de sofrimento, mas principalmente de resistência à forte opressão que se viveu até 1 de Maio de 1974, data que Cabo Verde comemorou a libertação dos presos políticos.

A 26 de janeiro de 1954 era, pela primeira vez, encerrado o Campo de Concentração do Tarrafal, em Cabo Verde. Por lá passaram, entre 1936 e 1954, 375 presos, entre republicanos, socialistas, anarquistas, comunistas, combatentes da Guerra de Espanha. 32 perderam a vida. Francisco Miguel seria o último preso a sair do Tarrafal, nesta primeira fase.

Seis anos depois, com o eclodir da guerra colonial, o Campo reabriria em junho de 1961, destinado agora aos nacionalistas das ex-colónias, fechando portas apenas a 1 de maio de 1974. Os primeiros presos chegariam em fevereiro de 1962, oriundos de Angola. Seguiram-se guineenses e cabo verdianos, num total de 227 homens. 4 acabariam por lá morrer. O angolano Justino Pinto de Andrade foi um dos últimos presos do Tarrafal.

67 anos depois do primeiro encerramento e quase 60 depois da reabertura, o Campo do Tarrafal acolhe hoje o Museu da Resistência de Cabo Verde, que reabriu com a promessa, por parte do executivo de Cabo Verde, de fazer um levantamento para apurar se ainda há restos mortais de antigos prisioneiros por trasladar.

Também ali, no lugar da mais profunda desumanidade e terror, violência e barbárie, se ergue agora um espaço de Memória e de homenagem a todos os que passaram e tombaram no infame Campo da Morte Lenta.
 

Fonte: Museu do Campo de Concentração do Tarrafal