No âmbito das comemorações do 38.º aniversário da Independência de Cabo Verde e dos encontros UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) com escritores de língua portuguesa, decorreu no dia 28 de junho, o lançamento dos livros “O Brumário” e “Derivações do Brumário” da autoria do poeta Cabo-verdiano Arménio Vieira (Prémio Camões 2009), sob a chancela da Biblioteca Nacional de Cabo Verde e da Publicom. O evento teve lugar na Sala do Arquivo dos Paços do Concelho de Lisboa, em Portugal.
A UCCLA associou-se à Embaixada de Cabo Verde, Associação Cabo-Verdiana de Lisboa, editores Biblioteca Nacional de Cabo Verde e Publicom, CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) e Câmara Municipal de Lisboa na promoção deste evento.
O título dos livros foi uma das questões levantadas por todos os intervenientes. “Brumário” viria de Bruma ou de Mário (Mário Fonseca, poeta e ensaísta cabo-verdiano muito admirado por Arménio Vieira)?
Para o editor, Júlio Lopes, Arménio Vieira é “um poeta que não tem tempo”. Segundo Alberto de Carvalho, um dos Académicos mais antigos de Cabo Verde, a obra do autor “não tem paralelo na língua caboverdiana e portuguesa”. Para Anabela Almeida, doutorada em Literatura, a obra de Arménio Vieira é a “revelação do que se sente”, definindo-o como um “existencialista” onde a sua poesia se insere “num outro sistema, num novo horizonte”. Para Luis Carlos Patraquim, Arménio Vieira pertence à “condição de poeta livre, um grande desafiador” da língua portuguesa.
A apresentação pública - que contou com a presença do Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, e da Embaixadora de Cabo Verde em Portugal, Madalena Tavares - esteve a cargo do Professor Doutor Alberto Carvalho, da Dr.ª Anabela Almeida, do poeta Luís Carlos Patraquim e do Mestre Rui Guilherme Gabriel e foi moderada pelo poeta José Luís Hopffer Almada.
A sessão foi abrilhantada com um momento musical de mornas e um recital de poesia, assim como uma exposição fotográfica do autor.
Arménio Adroaldo Vieira e Silva nasceu a 24 de janeiro de 1941, na cidade da Praia (Cabo Verde), cidade presente em boa parte da sua poesia. Dono de uma obra inconfundível, cabo-verdiana e ao mesmo tempo universal, publicou diversos poemas e colaborou em várias publicações. Em 2009 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, a mais importante distinção literária na língua portuguesa. Helena Buescu, que presidiu ao júri, afirmou que Arménio Vieira "produziu uma obra que merece entrar para um certo cânone das literaturas em língua portuguesa" e o seu conterrâneo Germano Almeida definiu-o como "um dos maiores poetas do arquipélago".