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Ministro da Cultura de Cabo Verde reúne com a comunidade artística cabo-verdiana na UCCLA
Publicado em 12-11-2018
Auscultar a comunidade artística cabo-verdiana residente em Portugal foi o propósito do encontro informal com o Ministro da Cultura e das indústrias Criativas, Abraão Vicente, e o Embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, realizado no dia 10 de novembro, na UCCLA.
Enquadrando o Ministério da Cultura e os projetos pensados e realizados desde 2016, o ministro elencou algumas das iniciativas levadas a cabo como: promoção de viagens de artistas, financiamento de filmes e publicação de livros, criação de infraestruturas culturais, entre outros.
“Quanto aos incentivos, criámos, pela primeira vez em Cabo Verde, a política dos editais. Que tem como principal objetivo criar a transparência dos dinheiros públicos para os projetos individuais. Tanto ao nível dos carnavais, o Carnaval do Mindelo, Carnaval de São Vicente e o Carnaval do São Nicolau, ganharam um edital próprio”.
Relativamente à reabilitação do património histórico construído, “um projeto no valor de 6 milhões de euros”, Abraão Vicente afirmou que “a partir de 2019 temos obra nas 9 ilhas habitadas, nos 22 municípios, que incluem a reabilitação de todas as igrejas históricas. Vamos começar agora no mês de dezembro a reabilitação da mais antiga igreja de Cabo Verde, que é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário. Ao mesmo tempo vamos reconstruir aquilo que é o Centro Nacional de Artesanato e na parte do quintal vamos criar o maior Centro de Arte Contemporânea de Cabo Verde.”
“Cabo Verde é um país jovem” e “tem a missão de fazer o resgate da sua memória pré-colonial. Fazermos o resgate daqueles que sendo cabo-verdianos, não só de nascimento, mas de atitude, afirmação e assunção da nossa nacionalidade, produziram culturalmente e intelectualmente a obra que estão vinculadas ao percurso da nossa nacionalidade” destacou.
“Temos neste momento um projeto que se chama “Um Auditório por Município”. O Ministério da Cultura está a financiar cerca de 40% e 50% com a colaboração do município e do governo central para a construção de pequenos auditórios, pequenas salas de exposição” possibilitando uma maior dinâmica municipal.
No que respeita a candidaturas, o ministro enalteceu a entrega, em março, da candidatura da Morna a Património da Humanidade e acrescentou que “esta missão específica a Lisboa, neste mês de novembro, tem como principal mote a candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património Mundial da Humanidade”. O Campo de Concentração do Tarrafal “moldou aquilo que foi a política de Portugal face às coloniais, em particular Cabo Verde. Muito mais além do fator de resistência, o fator de punição da colónia penal. Era o lugar ou sítio onde era penalizado quem pensava de forma livre, se opunha ao regime e lutava pela democracia. Nós queremos muito mais que o título, nós queremos tornar o sítio como um debate pela liberdade de expressão artística, cultural e de memória. Esperamos que em 2020 possamos entregar de facto a candidatura”.
Abraão Vicente adiantou que será também apresentada uma candidatura da Cimboa (instrumento musical originário de Cabo Verde) a Património da Humanidade “como um dos bens culturais em risco. A candidatura da Cimboa visa essencialmente, dentro das regras da UNESCO, salvar a Cimboa do seu desaparecimento. Como património material e como património imaterial. Cimboa é claramente a grande invenção, como instrumento do cabo-verdiano, típica da ilha do Fogo”.
O objetivo do Ministério da Cultura e Industrias Criativas “é promover a criação de condições para que o bem comum. Primeiro, criando todas as condições de infraestruturas, em cada município, segundo, criando uma transparência do uso do bem público, do pouco recurso que o Ministério da Cultura tem para a criação, reabilitação e restauro daquilo que é o património material identificado. Criar uma equipa de salvaguarda para catalogar e mapear aquilo que é o património imaterial em perigo e a perspetiva da sua recuperação. Apoiar os artistas criadores que estejam em projetos internacionais e possam de facto dignificar Cabo Verde”.
Finalizou afirmando que “um dos pilares desta governação e deste mandato tem sido envolver as comunidades nas ações de programação cultural e de “empoderamento” das famílias através da cultura”.
Seguiram-se algumas intervenções com questões objetivas e diretas ao Ministro, que foram respondidas.