A obra “Os negros em Portugal” é um relato audaz e destemido de José Ramos Tinhorão acerca da presença e da escravatura negro-africana em Portugal, muitas vezes silenciada pelo discurso dominante e imperial.
Publicada originalmente em 1988, a obra “Os negros em Portugal”, de José Ramos Tinhorão, com o subtítulo “uma presença silenciosa”, foi objeto, em 1997, de 2.ª edição e, em 2019, de uma 3.ª edição, pela Editorial Caminho.
Sinopse:
Considerada uma obra de referência da histografia portuguesa, a obra “Os negros em Portugal” expõe o quotidiano da população negro-africana que se sediou em Portugal por resultado do tráfico de escravos no século XV. O autor recorre a textos literários e teatrais, por forma a solidificar um discurso característico do olhar do negro escravizado face à sociedade portuguesa e as diferentes práticas que separaram, durante largos anos, estas duas realidades sociais.
«A presença de negros africanos em Portugal a partir do século XV revelou-se uma consequência social da política de expansão inaugurada pelos primeiros reis da dinastia de Avis. Esse projeto – geralmente chamado das “conquistas” ou dos “descobrimentos” – decorria, por sua vez, do processo político-económico […] após a revolução burguesa de 1383?1385 […].»
Recomendada a leitura do seguinte artigo, disponível no link https://afrolink.pt/o-branqueamento-dos-negros-em-portugal-na-obra-de-jose-ramos-tinhorao/
Biografia:
José Ramos Tinhorão nasceu em Santos, em São Paulo, no Brasil, a 7 de fevereiro de 1928. Licenciado em Direito, na Faculdade de Direito do Rio de Janeiro (1938) e pós-graduado em História Social, pela Universidade de São Paulo (1999). Iniciou a sua carreira profissional de jornalista, em 1951, na Revista da Semana. Em 1952, tornou-se copidesque no Diário Carioca, onde ganhou o apelido Tinhorão (planta ornamental tóxica).
Durante os anos 1960, escreveu - com base no materialismo histórico, influenciado pela abordagem de Karl Marx - artigos em diversos jornais, de entre os quais, no Espírito Santo Agora, Jornal dos Sports, Jornal Rural (de Juiz de Fora), Tribuna da Imprensa, Singra, entre outros. Nos anos 1990, José Ramos Tinhorão abandonou a área do jornalismo e passou a dedicar-se integralmente à pesquisa histórica e à produção de livros. As suas áreas de investigação, de maior interesse, são a música e a etnografia, abordando essencialmente música popular, desde a música carnavalesca, ao jazz, bem como, dança, em particular o samba.
Autor de uma vasta bibliografia, essencialmente em torno da música brasileira, publicou vários livros, de entre os quais: “Fado: Dança do Brasil, Cantar de Lisboa, o Fim do Mito” (1994), “As Origens da Canção Urbana” (1997), “Os Negros em Portugal: Uma Presença Silenciosa” (1998), “Domingos Caldas Barbosa - O Poeta da Viola, da Modinha e do Lundu (1740-1800)” (2004), “O Rasga: Uma Dança Negro-Africana” (2006) e “Os sons dos negros do Brasil” (2008).
Fonte da bibliografia