Livro “Niketche: Uma História de Poligamia” de Paulina Chiziane

Livro “Niketche: Uma História de Poligamia” de Paulina Chiziane

Paulina Chiziane, a “contadora de estórias” moçambicana que já tocou em vários corações através da sua escrita, foi vencedora do Prémio Camões 2021. Se a sua escrita é cativante, a mesma é reflexo de várias vivências e caminhos que, por vezes, nos podem parecer óbvios, mas que nem a todos o é.

Reconhecendo o seu papel na luta pela igualdade de género em Moçambique, e no mundo, destacamos uma das suas várias obras, a título de exemplo, “Niketche: Uma História de Poligamia”, publicada em 2002, pela Editorial Caminho.

Um relato de uma história que traduz vários sentimentos de desamor, ciúme, injustiça e vingança. Apesar da infidelidade e desejos carnais das personagens envolvidas, revela ainda sentimentos de amor e partilha, paralela ao seio familiar de Rami, despoletando um avulto raciocínio em torno dos cânones do período e local a que remonta. 

 

Sinopse:
Rami, casada há vinte anos com Tony, um alto funcionário da polícia, de quem tem vários filhos, descobre que o partilha com várias mulheres, com as quais ele constituiu outras famílias. O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo! Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na. E só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades. Poligamia e monogamia que significados assumem? Cultura, institucionalização, hipocrisia, comodismo, convenção ou a condição natural de se ser humano, no quadro da inteligência e dos afetos? Paulina Chiziane estende-nos o fio de Ariadne e guia-nos com o desassombro, a perícia e a verdade de quem conhece o direito e o avesso da aventura de viver a vida.
Niketche, dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos, mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão refletir-se.
(Fonte)

 

Biografia:
“Dizem que sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romance (Balada de Amor ao Vento, 1990), mas eu afirmo: sou contadora de estórias e não romancista.
Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos à volta da fogueira, minha primeira escola de arte.”
(Fonte de citação)

Paulina Chiziane nasceu em 1955, em Manjacaze, na província de Gaza, em Moçambique. Atualmente reside na Zambézia. A sua estreia, na escrita, remonta à década de 1980, com a publicação de pequenos contos em jornais moçambicanos.
Paulina Chiziane ficou conhecida por ser a primeira mulher moçambicana a escrever um romance com a obra “Balada de amor ao vento”, em 1990. Tendo, posteriormente publicado várias obras, de entre as quais: “Ventos do Apocalipse” (1993); “O Sétimo Juramento” (2000) e “Niketche: Uma História de Poligamia” (2002). Esta última obra foi premiada, em 2003, pelo Prémio Craveirinha de Literatura, promovido pela Associação Escritores Moçambicanos (AEMO). Obra que foi, inclusive, adaptada em teatro, pelo Centro Dramático de Évora (Cendrev) e Hala ni Hala, Cena Lusófona.
É ainda autora de “O Alegre Canto da Perdiz” (2008), “As Andorinhas” (2009), “Na mão de Deus” (2013), “Por Quem Vibram os Tambores do Além” (2013), “Ngoma Yethu: O Curandeiro e o Novo Testamento” (2015), “O Canto dos Escravos" (2017), "O Curandeiro e o Novo Testamento” (2018) e, a sua publicação mais recente, “A voz do Cárcere” (2021), um produto conjunto com Dionísio Bahule. Os seus livros encontram-se, já, traduzidas em vários idiomas, de entre eles, alemão, espanhol, francês, inglês e italiano.
Em 2021, foi vencedora do Prémio Camões, reconhecida unanimemente pelo júri, destacando-se pela sua marcante luta pela emancipação da mulher moçambicana, um elemento presente em toda a sua escrita.

 

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Publicado em 29-12-2021