No final de março de 2020 - e numa altura em que todos estávamos vulneráveis com o aparecimento da Covid-19 e com esperança de novos dias - a UCCLA lançou o desafio aos escritores e agentes culturais de todos os países de Língua Oficial Portuguesa para refletirem sobre a “Literatura e Cultura em tempos de pandemia”. O desafio era a elaboração de textos (em prosa ou poesia) sobre a forma como a pandemia estava a condicionar a vida de todos, de uma forma geral.
Este livro é, assim, o resultado da contribuição de mais de 70 autores, a quem a UCCLA muito agradece, desde laureados com o Prémio Camões a escritores que se começam a afirmar no domínio das letras.
São cerca de 40 escritores e 30 escritoras, dos oito países de língua oficial portuguesa, a que se juntaram escritores da Galiza e Olivença, em Espanha, de Goa, na Índia, e em Macau, na China.
Para a distribuição do livro “Literatura e Cultura em Tempos de Pandemia” contamos com o apoio da Guerra e Paz Editores.
Leia a contribuição dos diversos autores, que aceitaram este desafio proposto pela UCCLA, através da ligação https://www.uccla.pt/noticias/uccla-lanca-reflexao-sobre-cultura-em-tempos-de-pandemia
De entre as mensagens dos autores no livro, que será publicado em breve, destacamos a da esperança na capacidade de resistência à pandemia, como faz “o mais velho”, o decano dos poetas, Manuel Alegre no poema que nos oferece:
“Lisboa ainda
Lisboa não tem beijos nem abraços
não tem risos nem esplanadas
não tem passos
nem raparigas e rapazes de mãos dadas
tem praças cheias de ninguém
ainda tem sol mas não tem
nem gaivota de Amália nem canoa
sem restaurantes sem bares nem cinemas
ainda é fado ainda é poemas
fechada dentro de si mesma ainda é Lisboa
cidade aberta
ainda é Lisboa de Pessoa alegre e triste
e em cada rua deserta
ainda resiste.”
Manuel Alegre
20 de março de 2020
(O autor autorizou expressamente a sua publicação como contribuição para este livro, o que muito agradecemos).