Uma das obras de referência do historiador, investigador e escritor burquino Joseph Ki-Zerbo “História da África Negra” que aborda a evolução do continente desde a pré-história à época mais recente da longa caminhada do homem africano.

 

A obra foi publicada em francês, intitulada de “Histoire de l"Afrique Noire”, em Paris, pela editora Hatier, em 1972. Em julho de 2009, foi disponibilizada em língua portuguesa, traduzida por Américo de Carvalho e editada pelas Publicações Europa-América, integrando a Coleção Biblioteca Universitária.

 

A obra, inicialmente produzida num só volume, é, após traduzida, composta por dois volumes.

 

 

Durante largo tempo, a África foi considerada um continente sem história. Em 1830, Hegel decretava que "A África não é uma parte histórica do mundo", e depois dele muitos foram os historiadores que, sacrificando mais ao preconceito do que à ciência, repetiram em vários tons a mesma ideia.

A obra de Ki-Zerbo, cujo vol. I apresentamos, é o melhor desmentido à lenda da África continente sem história. Num trabalho de reconhecido rigor científico, que a crítica francesa saudou com o maior entusiasmo, o autor levou a cabo o trabalho ciclópico de trazer à luz as raízes históricas de todo um continente, na sua insuspeitada riqueza.

Partindo da pré-história, o presente volume acompanha a caminhada do homem africano até ao século XIX, desvendando aos olhos maravilhados do leitor sucessivos períodos de esplendor e decadência, com o surgir e o afundar de reinos e impérios, até aos primeiros contactos com os Europeus e as consequências que daí advieram para a evolução histórica da África Negra.

 

 

O presente volume - o segundo e último da História da Africa Negra, de Joseph Ki Zerbo - cobre a parte mais recente da longa caminhada do homem africano, tratando os eventos ocorridos desde o século XIX até aos nossos dias.

Foram os anos negros em que a África é arrancada aos Africanos pelas garras das potencias colonizadoras, que, em muitos casos, fizeram do grande continente autêntico campo de pilhagem. Mas foram também anos em que a África gerou chefes de grande envergadura, cujo perfil o autor traça com particular relevo.

Vem depois o despertar do continente, com o surto do nacionalismo e os movimentos conducentes à independência. O autor historia de forma completa o processo de libertação dos países africanos e escreveu mesmo, especialmente para esta edição, a história da descolonização nos territórios sob administração portuguesa.

Um capítulo sobre os problemas africanos de hoje, em que se equacionam as questões que actualmente se põem ao continente e se apontam perspectivas de evolução futura, encerra esta obra, indispensável a quantos desejam possuir da África um conhecimento mais profundo.

 

 

 

Joseph Ki-Zerbo nasceu em Toma, Burkina Faso, em 1922, e faleceu em 2006, em Ouagadougou, capital do Burkina Faso. Ki-Zerbo formou-se em História, pela Universidade de Sorbonne, em Paris, no ano de 1949. Em 1954, obteve um Diploma do Institut d'Études Politiques, em Paris e da Agregação História na Universidade Sorbonne, em 1956.

Participou da vida política de Burkina Faso, ocupando o lugar de líder do partido da oposição, nomeadamente o Parti pour la Democratie et le Progrès (PDP). Tendo desempenhado vários cargos, entre eles, foi membro do Conselho de Administração do UNITAR - Instituto das Nações Unidas para a Investigação e a Formação das Nações Unidas (1970-1978), membro do conselho executivo da UNESCO (1972-1978), Presidente do Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (1980), Presidente do CEDA - Centro de Estudos para o Desenvolvimento Africano (1980-1986) e Presidente da Associação de Historiadores Africanos (1975-2005).

Paralelamente à política dedicou a sua vida à investigação, história e escrita. A primeira obra que publicou, salientada nesta edição, foi “Histoire de l’Afrique noire” e dirigiu dois volumes da “Histoire générale de l’Afrique” junto da UNESCO.

Ao longo da sua vida foram-lhe atribuídos vários prémios e títulos honoríficos. Em 1964, foi-lhe atribuído o grau de Doutor Honoris Causa, pela Universidade do Gana, e em 2001, pela Universidade de Pádua, em Itália. Em 1999 foi-lhe atribuída a medalha de prata, do Prémio UNESCO Avicenna.

 

"A África que o mundo necessita é um continente capaz de ficar de pé, de andar em seus próprios pés. É uma África consciente do seu próprio passado e capaz de continuar reinvestindo este passado em seu presente e futuro." Joseph Ki-Zerbo

 

Fundação que surge por impulso do movimento e do pensamento sobre a história do continente africano, desencadeada pelo autor:  www.fondationki-zerbo.org