Livro “Caderno de Memórias Coloniais” de Isabela Figueiredo

Livro “Caderno de Memórias Coloniais” de Isabela Figueiredo

A autobiografia da autora, Isabel Figueiredo, traz a lume no livro “Caderno de Memórias Coloniais” o contraste entre o branco e o negro, a bondade e a discriminação, o silêncio e a vergonha. Um livro frontal, um relato cru do racismo em Moçambique, que compõe as memórias coloniais numa linguagem direta, audaz e contada na primeira pessoa. 
 
Caderno de Memórias Coloniais foi lançado em 2009, em Portugal, pela Angelus Novus, e reeditado, em 2015, pela Editorial Caminho - esta última, com texto original, revisto e aumentado pela escritora, e prefácios de Paulina Chiziane e José Gil.
 
O livro reúne 43 textos curtos e foi saudado como uma obra-prima.
 
«Nenhum livro restitui, melhor do que este, a verdade nua e brutal do colonialismo português em Moçambique. Até porque, como a autora refere, ele aparece envolvido pelo mito da sua mansuetude – sobretudo quando comparado, como era sempre, com o apartheid sul africano. Mito tão interiorizado pelos próprios colonos que através dele, como por uma lente, percepcionavam
a realidade de que constituíam um elemento decisivo – como considerar-se a si mesmos violentos e prepotentes no tratamento que davam aos negros?
A verdade escondia-se sob a boa consciência necessária à regularidade quotidiana da vida «paradisíaca» dos brancos. Para a desenterrar era preciso ir procura-la nas sensações infinitamente vibráteis e virgens de uma menina, filha de colonos, que vivia à flor da pele o sentido mais profundo de tudo o que acontecia.»
José Gil, in «Sobre Caderno de Memórias Coloniais»
 
 
Sinopse:
O Caderno de Memórias Coloniais relata a história de uma menina a caminho da adolescência, que viveu essa fase da vida no período tumultuoso do final do Império colonial português. O cenário é a cidade de Lourenço Marques, hoje Maputo, espaço no qual se movem as duas personagens em luta: pai e filha.
 
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Biografia de Isabela Figueiredo:
Isabela Figueiredo nasceu em Lourenço Marques, atualmente Maputo, Moçambique, em 1963. Após a independência de Moçambique, em 1975, rumou a Portugal, incorporando o contingente de retornados. Foi jornalista no Diário de Notícias e é professora de Português. Estudou Línguas e Literaturas Lusófonas, Sociologia das Religiões e Questões de Género. 
Publicou os seus primeiros textos no extinto suplemento DN Jovem, do Diário de Notícias, em 1983.
É autora de Conto É Como Quem Diz (Odivelas: Europress, 1988), novela que recebeu o primeiro prémio da Mostra Portuguesa de Artes e Ideias, em 1988, e de Caderno de Memórias Coloniais, cuja primeira edição data de 2009. 
Escreve regularmente no blogue Novo Mundo. Desenvolve workshops de escrita criativa e participa em seminários e conferências sobre as suas principais áreas de interesse: estratégias de poder, de exclusão/inclusão, colonialismo dos territórios, géneros, corpo, culturas e espécies.
 
 
 
 
Publicado em 29-02-2020