Livro “África no Mundo - Livre das imposturas identitárias” de Jonuel Gonçalves
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Livro “África no Mundo - Livre das imposturas identitárias” de Jonuel Gonçalves
Publicado em 01-10-2020

Lançada em setembro, a quarta obra do economista e professor angolano Jonuel Gonçalves “África no Mundo - Livre das Imposturas Identitárias” é um ensaio sobre “uma África revoltada”, onde o autor pretender debater vias de pensamento e ação para se inserir África no mundo sem subalternidades.

De acordo com a introdução da obra “este texto estava em fase de revisão quando uma pandemia paralisou grande parte das atividades económicas, fechou quase metade da humanidade em casa e desencadeou uma vaga planetária de medo com efeitos para muito tempo. Em geral, nos tempos mais recentes, os vírus mais ameaçadores têm surgido no continente africano, de tal forma que estereótipos foram construídos em alguns pontos do globo segundo os quais esses virus e consequente caos são características de África. Desta vez todos os continentes sofreram ataque de enorme envergadura e esse tipo de estereótipo caiu. Do ponto de vista socioeconómico, África sofreu como os outros e, como é mais vulnerável porque mais atrasada, o seu esforço de recuperação terá de ser mais intenso e profundo, senão ficará ainda mais para trás.”

A pandemia, que tem assolado todos os continentes, “acrescentou cifras e percentagens aos problemas do Continente [Africano] mas não alterou o fundo de nenhum dos problemas anteriores. Assim, com umas breves atualizações, o texto resistiu à pandemia.”

Para o autor “trata-se de debater vias de pensamento e ação para se inserir África no mundo sem subalternidades. Nem em relação aos grandes centros mundiais nem em relação a formas de poder interno que igualmente condenam os povos à subalternidade.”
 

Sinopse:

As teorias das identidades transformaram-se em versões atuais dos velhos discursos discriminatórios. Exacerbam diferenças e separatismos em detrimento das afinidades humanas, servindo projetos ditatoriais. África sofre duplamente os efeitos destes disfarces ideológicos. Internamente vários regimes procuram legitimar políticas de atraso e repressão com apelos «identitários» que inviabilizam a integração africana necessária ao desenvolvimento e inserção justa no mundo. Externamente, é atribuído um papel a África que também inviabiliza esse desenvolvimento e inserção, enquanto africanos e seus descendentes em outros continentes sofrem discriminações e negação de direitos de cidadania. As políticas identitárias são inimigas da cidadania e as sociedades africanas têm de sair das lamentações e partir para lutas criadoras de força própria capaz de derrubar as imposturas locais ou globais.



Biografia:

Jonuel Gonçalves participou nas lutas pela independência e democratização de Angola, tendo estudado em universidades e escolas superiores do Senegal, França, África do Sul e Brasil, onde se doutorou. Foi membro de entidades africanas de ciências sociais e de coordenação económica. Atualmente, conduz um projeto de pesquisa sobre países do Atlântico Sul, baseado em centros académicos de Portugal, Brasil e Angola. Publicou livros e artigos em vários países, dos quais "A Ilha de Martim Vaz", "Franco-atiradores" e "E Se Angola Tivesse Proclamado a Independência em 1959?" pela Guerra e Paz.