Integrada nas comemorações do cinquentenário do 25 de Abril, a UCCLA acolheu, dia 31 de janeiro, a apresentação da obra “25 de Abril de 1974, Quinta-feira” da autoria do fotógrafo Alfredo Cunha.
A obra, com a chancela das Edições Tinta-da-china, conta com o prefácio de Luís Pedro Nunes, textos de Adelino Gomes, Carlos Matos Gomes e Fernando Rosas, e gravuras de Alexandre Farto/Vhils.
Na ocasião foi projetado o filme homónimo com banda sonora de Rodrigo Leão.
Veja aqui o lançamento do livro “25 de Abril de 1974, quinta-feira” de Alfredo Cunha na UCCLA
Prefácio:
“Esta é uma obra monumental, histórica e teoricamente impossível. Meio século depois do 25 de Abril, consegue reunir o fotógrafo que esteve presente em quase todos os momentos do dia e dos meses que se seguiram; o olhar do militar no terreno, Carlos Matos Gomes, que pertenceu ao Movimento dos Capitães; o olhar do repórter suspenso, Adelino Gomes, que perante o desenrolar dos acontecimentos marca o momento em que nasce a liberdade de expressão, ao conseguir um microfone emprestado para colocar a revolução no ar; e o do ativista na clandestinidade, Fernando Rosas, hoje historiador jubilado. Juntos, analisam o «momento zero» do dia primeiro, o seu desenrolar, os antecedentes, a conjuntura e as ondas de choque que se seguiram e que tiveram um impacto profundo na sociedade portuguesa, nomeadamente com as descolonizações e a chegada dos «retornados» a um país em convulsão, ou com os momentos críticos em que Portugal podia ter caído numa guerra civil. E pediram a Vhils para selar esta obra, como se se tratasse de uma cápsula feita para enviar para o futuro, para ser lida e vivida, dado ter sido escrita e fotografada por quem viveu apaixonadamente uma revolução, mas, 50 anos depois, se prestou a depositar aqui o seu testemunho analítico. Este livro não é um panfleto. É um testemunho que pretende ser um exercício se não de total objetividade, pelo menos de sinceridade.”
Luís Pedro Nunes
Biografia do autor:
Alfredo Cunha nasceu em 1953, em Celorico da Beira, Portugal. Em 1970 iniciou a carreira profissional em fotografia publicitária e comercial. No ano seguinte estreou-se como fotojornalista no jornal Notícias da Amadora. Colaborou com os jornais O Século e O Século Ilustrado, com a revista Vida Mundial, com a Agência Noticiosa Portuguesa - ANOP e com as agências Notícias de Portugal e Lusa. Foi fotógrafo oficial dos Presidentes da República Ramalho Eanes e Mário Soares, e recebeu a Comenda da Ordem do Infante D. Henrique.
No jornal Público, foi editor fotográfico entre 1989 e 1997, e integrou o grupo Edipresse como fotógrafo e editor. Em 2000 começou a trabalhar na revista semanal Focus. Em 2002 colaborou com Ana Sousa Dias no programa televisivo Por Outro Lado, da RTP2. Entre 2003 e 2009 foi fotógrafo e editor do Jornal de Notícias. De 2010 a 2012 foi diretor fotográfico da Agência Global Imagens. Atualmente trabalha como freelancer e desenvolve vários projetos editoriais.
Do seu percurso destacam-se as séries de fotografia dedicadas ao 25 de Abril de 1974, à descolonização portuguesa em Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, ao PREC (Processo Revolucionário em Curso, 1974-1975), à queda de Nicolae Ceausescu, na Roménia (1989), e à Guerra no Iraque (2003).
Publicou diversos livros de fotografia, entre os quais “Raízes da Nossa Força” (1972), “Vidas Alheias” (1975), “Disparos” (1976), “Naquele Tempo” (1995), “O Melhor Café” (1996), “Porto de Mar” (1998), “77 Fotografias e Um Retrato” (1999), “Cidade das Pontes” (2001), “Cuidado com as Crianças” (2003), “Cortina dos Dias” (2012), “O Grande Incêndio do Chiado” (2013), “Os Rapazes dos Tanques” (2014), “Toda a Esperança do Mundo” (2015), “Felicidade” (2016), “Fátima, enquanto Houver Portugueses” (2017), “Mário Soares” (2017), “Retratos 1970-2018” (2018), “O Tempo das Mulheres” (2019), “A Cidade Que não Existia” (2020), “Leica Years” (2020), “O Livro da Maia” (2021), “A Bênção dos Animais” (2021) e “Porto: A Cidade das Pontes” (2022).