Lançamento do livro “Direitos Humanos na Guiné-Bissau” de Fernando Gomes

Lançamento do livro “Direitos Humanos na Guiné-Bissau” de Fernando Gomes

A sede da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), em Lisboa, foi o local escolhido, pelo autor Fernando Gomes para apresentar o seu primeiro livro “Direitos Humanos na Guiné-Bissau”, dia 11 de julho.
 
Fernando Gomes é uma referência não apenas no país onde nasceu, a Guiné-Bissau, como em todo o continente africano, pela defesa intransigente dos direitos humanos e dos valores democráticos. Pela sua vida e pelas suas lutas, pelo papel que desempenhou como fundador e presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, muitas foram as personalidades, amigos, familiares e seguidores do autor que marcaram presença no evento.
 
        
 
Vitor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA, salientou que “todos os homens ficam com o título para a vida inteira”, reconhecendo a ação meritória de Fernando Gomes, do “esforço na defesa dos direitos humanos, num país que sofreu várias violências e que ele procurou sempre salvaguardar, pela dignidade do ser humano e, sobretudo, pelo amor à terra onde nasceu”.
 
Para Vitor Ramalho o “contributo do Dr. Fernando Gomes não é negligenciável. Não é possível nós salvaguardarmos o desenvolvimento dos povos e do país, sem respeitarmos a dignidade do ser humano e dos direitos fundamentais dessa atividade cívica em todos os seus domínios”, concluindo esperar que a “Guiné-Bissau tenha agora um período que possa reconduzi-la aos caminhos da paz, do desenvolvimento e da prosperidade do seu povo, devendo sempre respeitar os direitos humanos”.
 
      
 
Uma palavra especial a todos os guineenses que se encontram fora do país devido à instabilidade política foi dada por Luís Vaz Martins, atual presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, que recordou o sonho de Amílcar Cabral numa Guiné-Bissau onde não falte “pão, escolas e hospitais, e onde todos se sintam com dignidade”. 
Reconhecendo com respeito e carinho o papel de Fernando Gomes como a pessoa que “nos orientou e nos mostrou que é possível lutar com dignidade” afirmou “sou a prova do legado criado pelos seus fundadores”.
 
Visivelmente feliz pela presença de tantos amigos, Fernando Gomes começou por agradecer a Mário Soares, que assina o prefácio do seu livro, pelo apoio dado num momento difícil da sua vida, “ambos sabemos o que é lutar pela liberdade, ambos sentimos o sabor do exílio”. Uma palavra especial, também, a Vitor Ramalho, pelo acolhimento e apoio dado ao lançamento do livro.
 
      
 
“Tenho 4 filhos, já plantei muitas árvores e só me faltava escrever um livro”. “É um livro que também é um filho, um filho do passado, um filho do meu presente. Meu passado que não me arrependo e que determinou o meu presente e a possibilidade de partilhar experiências… experiências que estão aqui e que me obrigaram a recuar no tempo e a referenciar uma vida dedicada àquilo que sei fazer melhor, lutar pelo direito à liberdade, devolver a voz aos oprimidos. Obrigaram-me, também, a revisitar em pensamento, lugares da minha terra mãe e que me falta há tanto tempo. Sempre em pensamento voltei a passear por aquelas ruas que conheço, a entrar na casa dos amigos e familiares”. 
 
Relatando momentos de tortura a que foi alvo, Fernando Gomes enalteceu o apoio da Amnistia Internacional e do apoio médico junto da família Soares, tudo expresso no livro. 
Recordando Martin Luther King e Nelson Mandela, acrescentou que pretende deixar “não apenas um testemunho do que tem sido a minha luta pelos direitos humanos na Guiné-Bissau, meu país, mas acima de tudo mostrar aos jovens que essa luta pela liberdade e pela justiça não tem tempo, nem idade e que vale a pena, porque não podemos deixar que a prepotência e o poder de alguns nos tentem calar a voz”.
 
Para Fernando Gomes, este livro é um “relato na primeira pessoa” que começou a ganhar forma em 1991, perante dificuldades e desconfianças, mas que terminou em 1999.
O autor concluiu dizendo que “hoje, com um governo legitimado, eleito por sufrágio universal, a Guiné-Bissau volta com entusiamo e esperança, onde o desenvolvimento e o progresso terão o seu patamar natural”.
 
No final da apresentação, muitos amigos de Fernando Gomes demonstraram o seu reconhecimento e gratidão pelo seu papel em prol da população, recordando histórias, na primeira pessoa, momentos sofridos e conquistas alcançadas.
 
      
 
Com a chancela da Chiado Editora, “Direitos Humanos na Guiné-Bissau” retrata a realidade social que se vive no país, pela escrita de um cidadão guineense, conhecedor e interveniente na luta e defesa pelos direitos humanos – como referido na sinopse do livro “Vivemos no mundo dos direitos, mas também da sua negação. É espantoso como toda esta dualidade nos conduz a um estado de alerta permanente, de eminente intervenção e, no meu caso, de lamento pela distância do meu país, por as condições me impedirem de atuar, de intervir, de defender os oprimidos e torturados, de tentar impedir as arbitrariedades que hoje são cometidas diariamente na Guiné-Bissau.”
 
Estiveram presentes o ex-Primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Gomes Júnior, o ex-presidente interino, Raimundo Pereira, o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros, Mamadu Djaló Pires, o antigo presidente do  Supremo Tribunal de Justiça, Emiliano Nosolini, o Encarregado de Negócios da Guiné-Bissau em Portugal, M' bala Fernandes, a coordenadora do Programa de Reforma da Administração Pública da Guiné-Bissau, Graça Pombeira, entre outros.
 
 
NOTA: Alguns das fotos aqui publicadas foram cedidas pela Câmara Municipal de Lisboa (autoria Manuel Levita)
 
Publicado em 12-07-2014