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Iniciativa empresarial "De Olivença vê-se o mar" na UCCLA
Publicado em 20-02-2019
Por ocasião da apresentação da proposta do município de Olivença para se tornar associado da UCCLA, decorreu no dia 19 de fevereiro, o evento de intercâmbio empresarial “De Olivença vê-se o mar”.
Um evento carregado de simbolismo e significado tendo em atenção as relações históricas existentes entre Portugal e a cidade de Olivença, que sempre aproximaram os oliventinos e os portugueses, com mais de um milhar de oliventinos a terem hoje uma dupla nacionalidade, a portuguesa e a espanhola, porque a legislação espanhola o permite aos que a requeiram.
A proximidade das relações existentes, a todos os níveis, e as referências históricas de Portugal, que a cidade de Olivença ostenta em muitos dos seus monumentos, ruas e instituições públicas e privadas, são elementos que, com a adesão do município à UCCLA, reforçarão ainda mais a proximidade, incentivando os fluxos turísticos e criando condições para o intercâmbio de Olivença com os países de língua oficial portuguesa.
A apresentação do evento foi feita por Eduardo Machado que afirmou “Olivença cheira a Estremadura, mas também cheira a Alentejo e respira ar do Guadiana. O sangue oliventino é sangue que navega entre duas culturas como o Guadiana e que se abraça ao espírito que lhe rodeia”, evocando Fernando Pessoa, Camões e Virgílio Ferreira.
Para Eduardo Machado, a integração do município de Olivença na UCCLA permitirá “fortalecer a aproximação aos povos irmãos que temos em comum, língua, cultura e história.”
Enaltecendo o papel desempenhado por José Ribeiro e Castro nos “esforços muito positivos de aproximação de Olivença e dos oliventinos a Lisboa e, por intermédio de Lisboa, a Portugal”, o Secretário-Geral da UCCLA, Vítor Ramalho, destacou a beleza de Olivença e as “referências da monumentalidade histórica que nos une, quer ao nível da Sé Velha, que é uma instituição lindíssima, oficial da Igreja Católica, mas também dos demais edifícios que tem a marca do relacionamento entre os nossos povos e países. A própria calçada portuguesa que é hoje uma instituição, pode-se chamar assim, que vai ser candidata a Património Mundial da Humanidade, tem em Olivença marcas muito indeléveis e tem marcas muito características daquilo que, no fundo, os dois povos são.”
Para Vitor Ramalho é “uma honra muito grande nós termos esta iniciativa hoje aqui que, no fundo, traduz a entrada de Olivença na UCCLA. Uma entrada promissora, relativamente ao futuro. Nós vamos fazer tudo o que nos é possível para estreitarmos as relações culturais e as relações económicas entre Olivença e os países de língua oficial portuguesa”, acrescentando que este é o primeiro passo institucional mas haverão muitos mais que irão marcar “um futuro promissor entre as cidades de língua portuguesa e, sobretudo, a cidade de Lisboa e a cidade de Olivença, com as portas abertas para o mundo e, como o diz o tema que é referência desta sessão, de Olivença vê-se o mar. O mar é muito marcante para todos os portugueses, é mesmo, digamos, a porta de entrada e de saída par ao mundo. Todos os países de língua oficial portuguesa têm fronteira ou mar, todos sem exceção.”
Manuel J. González Andrade, presidente da Câmara de Olivença, agradeceu a Vitor Ramalho o acolhimento e “como representante dos oliventinos e das oliventinas na UCCLA, por nos abrir as portas a um futuro, mas estou certo que um futuro ao lado da UCCLA será algo melhor do que seria sem ela. “
Para o responsável oliventino existe “um futuro para Olivença, uma parte muito importante dele iria depender do país irmão, iria depender da nossa história passada, ia depender de Portugal”, acrescentando que “a nível de desporto, turismo, história, património, cultura, água, tudo o que tem sido feito e tudo o que está a ser feito, tem um objetivo fundamental que é a de que Olivença cresça a todos os níveis. Mas parecia-me que, para encerrar este ciclo nos faltava algo, faltava o motor económico dos povos, das cidades, dos empresários e empresárias. Faltava-nos que, de modo direto, os oliventinos, neste caso, os empresários, vivessem num mercado baseado no estreitamento e fortalecimento de laços com Portugal, porque acredito que em parte, passe por aí, por isso estamos aqui."
Duas empresas deram a conhecer o seu trabalho e o seu crescimento no painel sobre “Experiências de Empresários Oliventinos”, a que se seguiu o painel sobre o “Reforço das relações económicas com os mercados de língua portuguesa” que contou com a participação da Fundação AIP (Associação Industrial Portuguesa), Instituto de Turismo de Portugal e AICEP (Agência de Comércio e Turismo de Portugal). De seguida, Joaquin Fuentes, gerente da Associação ara o desenvolvimento Rural da Comarca de Olivença (ADERCO) fez uma apresentação audiovisual de Olivença.
A sessão de encerramento ficou marcada pelas intervenções de Vitor Ramalho, Manuel J. González Andrade, José Ribeiro e Castro (presidente do Movimento 2014 – 800 anos da Língua Portuguesa) e representante do Embaixador de Cabo Verde.
Vitor Ramalho apresentando a perspetiva histórica da UCCLA e as suas cidades, reiterou o estreitamente de relações com as cidades dos países de língua oficial portuguesa e Olivença afirmando que “este intercâmbio entre as pessoas e os países e as cidades, do que nós fomos e do que vocês foram e desta relação de fraternidade está expressa em Olivença, em todos os cantos”.
Manuel José González Andrade valorizou a posição estratégica de Olivença “como porta de entrada de Portugal aos espanhóis e dos espanhóis aos portugueses.”
Para José Ribeiro e Castro a candidatura de Olivença a membro da UCCLA é um “passo extraordinário” que começou a ser pensado em 2016 a quando da “primeira celebração do 10 de Junho”, acrescentando que, para o próprio, a “UCCLA é a CPLP dos pequeninos e não digo isto para diminuir, digo isto para valorizar. A UCCLA foi fundamental para que a CPLP se fizesse. A UCCLA quando se formou foi uma iniciativa pioneira do município de Lisboa, na altura do engenheiro Nuno Kruz Abecasis, meu amigo e que tenho muita saudade. E que percebeu que era possível caminhar entre as cidades, quando ainda não era possível caminhar entre os Estados. E a UCCLA fez, portanto, uns anos antes da CPLP, e abriu caminho. E a UCCLA tem o mesmo espírito e tem mais pujança, porque é mais próxima das pessoas. É aquela ideia de que os autarcas têm mais proximidade, são mais terra a terra, têm mais agilidade. E por isso, a mim não me surpreende que seja aqui que este passo, pioneiro e tão ousado, tenha lugar. E também quero agradecer ao município de Olivença de ter tomado esta decisão e dar este passo, creio que é muito inteligente”. Terminou afirmando que “comece aqui um novo percurso, um novo momento, da internacionalização de Olivença nesta nova etapa da sua vida.”
O Ministro-adjunto e representante do Embaixador Eurico Monteiro realçou a “importância deste evento, porque são nesses eventos, com debates” que se aproxima a cultura e os povos.
Ouça aqui o evento de intercâmbio empresarial “De Olivença vê-se o mar”