A organização da Feira Internacional de Artesanato Lisboa 2013 decidiu homenagear Cabo Verde, a sua canção tradicional, e restantes marcos culturais e artísticos, promovendo, no dia 10 de julho, na Feira Internacional de Lisboa, o Dia de Cabo Verde.
A celebrar 38 anos de independência, Cabo Verde quer também fomentar as relações económicas entre Portugal e Cabo-Verde. Com esse objetivo realizou-se a conferência “Oportunidades de Investimentos em Cabo Verde: Economias Criativas”, que contou com a presença do Ministro da Cultura de Cabo Verde, Mário Lúcio, da Embaixadora de Cabo Verde em Portugal, Madalena Neves, do Secretário-Geral da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), Vitor Ramalho, do presidente da Cabo Verde Investimentos, José Duarte, e do presidente da Fundação AIP (Associação Industrial Portuguesa), João Dotti.
O presidente da Fundação AIP, dando as boas vindas aos presentes, assinalou a escolha de Cabo Verde para país convidado pela importância cultural e histórica do arquipélago, assim como pela candidatura da Morna a Património da Humanidade.
Para a Embaixadora Madalena Neves, Cabo Verde é, hoje, “conhecido como um dos casos de sucesso e estamos a trabalhar para consolidar estes ganhos”, acrescentando os diferentes investimentos feitos e os resultados obtidos nas áreas dos recursos humanos, educação, economia, na redução da pobreza. Madalena Neves realçou, ainda, a importância da Morna como património da cultura caboverdiana.
Os grandes vultos de Cabo Verde foram invocados e relembrados por Vitor Ramalho. Chiquinho, Arménio Vieira (Prémio Pessoa que, recentemente, lançou dois livros, em Lisboa, com o apoio da UCCLA), o poeta Jorge Barbosa (homenageado em Almada, em junho passado), Cesária Évora.
Para o Secretário-Geral da UCCLA “Cabo Verde supera-se a si mesmo e é exemplo de boa governação”. Recordando o trabalho desenvolvido pela UCCLA em Cabo Verde, ao longo dos 28 anos de existência desta organização, Vitor Ramalho salientou a presidência da Assembleia-Geral da UCCLA ser conduzida, atualmente, pelo presidente da Câmara Municipal da cidade da Praia, Ulisses Correia.
Para finalizar, Vitor Ramalho reforçou o apoio da UCCLA à candidatura da Morna a Património da Humanidade e relembrou alguns eventos com Cabo Verde nos quais a UCCLA se irá associar este ano.
“Cabo Verde encontra-se num momento particular do seu desenvolvimento” afirmou José Duarte, relembrando o percurso e o trabalho desenvolvido na promoção do país em termos competitivos. Para o presidente da Cabo Verde Investimentos, existem quatro “clusters” de desenvolvimento para a região. O principal é o Turismo, como o setor mais dinâmico da economia, onde, nos últimos anos, Cabo Verde teve uma evolução de cerca de 24% em termos de procura turística. Atualmente, ultrapassa os 500 mil turistas por ano mas, segundo as previsões, deverá ser na ordem do milhão de turistas em 2016. Defendeu, para este “cluster”, a aplicação cada vez maior da chamada oferta complementar, que se traduz no investimento nas áreas do lazer, restauração, animação cultural turística, etc. O Mar, como segundo “cluster”, que congrega todos os setores de atividade, potenciando e privilegiando a localização estratégica do arquipélago, defendendo o turismo de cruzeiros. As Novas Tecnologias (TIC) são o terceiro “clauster”, onde Cabo Verde é “sorvedor de soluções e-government”. Afirmou que se está a preparar o primeiro Data Center, na cidade da Praia. Como último “cluster” elegeu as Energias Renováveis. Cabo Verde tem “potencial eólico. Somos, talvez, o terceiro país com melhores ventos”, enaltecendo o trabalho desenvolvido pelo governo na aposta dos campos eólicos.
José Duarte concluiu, afirmando que “Cabo Verde, hoje, mais do que nunca, está convencido do rumo que quer seguir, tirando vantagens competitivas da sua localização estratégica”.
Mário Lúcio, Ministro da Cultura de Cabo Verde, enalteceu o papel da cultura no desenvolvimento do país, na origem dos negócios, no centro de troca entre os povos. “O valor cultural é essencial para que os países sejam competitivos. O futuro são as economias criativas e o Governo de Cabo Verde tem a noção que as economias criativas são sinónimo de desenvolvimento”.
Segundo Mário Lúcio "quando falamos das economias criativas estamos a falar das artes, da música, das danças e do teatro que são criações e manifestações e não são economias. As economias são cadeias de valores". Salientou a marca “Cabo Verde” como confiança a oferecer aos investidores e a qualidade dos produtos feitos no país, defendendo a aplicação da marca “Create in Cabo Verde” em detrimento da “Made in Cabo Verde” para certificação e promoção do país além-fronteiras.
O arquipélago, segundo o Ministro, está a tentar criar uma interação entre a indústria criativa e outros setores de atividade, de forma a gerar mais-valias e valor acrescentado, por exemplo, com produtos típicos – dando como exemplo o famoso vinho do Fogo.
A Cultura enquanto motor dinâmico do desenvolvimento económico e social das ilhas tem sido o bastião deste ministro, que também é músico e já levou, inclusive, esta experiência das Economias Criativas até à Organização Mundial do Comércio (OMC), num encontro que decorreu em Genebra recentemente.
Após a conferência, houve lugar para um concerto de Morna, assinalando a candidatura deste género musical a Património Imaterial da Humanidade. Este momento ficou marcado com a presença do Primeiro-Ministro de Cabo Verde, José Maria Neves, para regozijo de todos os caboverdianos presentes no local.