Colóquio “Relações Portugal - China/Macau - Cultura Ponte de Diálogos

Colóquio “Relações Portugal - China/Macau - Cultura Ponte de Diálogos” na UCCLA

Decorreu no dia 8 de janeiro, o colóquio “Relações Portugal - China/Macau - Cultura Ponte de Diálogos” no auditório da UCCLA. Evento organizado pela UCCLA e com o apoio da Delegação Económica e Comercial de Macau, da Fundação Oriente e do Observatório da China, pretendeu refletir sobre as relações entre Portugal e a República Popular da China e a interinfluência multifacetada a nível cultural.
 
Este colóquio decorreu no âmbito da exposição da UCCLA "O Fio Invisível - Arte Contemporânea Portugal - Macau | China" - exposição que assinala a celebração dos 40 anos de relações diplomáticas oficiais entre Portugal e a China, e a criação da RAEM-Região Administrativa Especial de Macau. 
 
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Para Vitor Ramalho, Secretário-Geral da UCCLA, este debate “tem a ver com a circunstância de, o ano passado, termos comemorado a passagem do 20.º aniversário da criação da Região Administrativa Especial de Macau, ano esse que coincidiu com o 40.º aniversário do reconhecimento por parte de Portugal, da República Popular da China, obviamente com a apresentação de credenciais recíprocas de respetivos embaixadores”, acrescentando que “os temas que aqui trazemos são de enorme importância, sobretudo neste mundo global”. 
 
“Como é sabido, Macau foi um importantíssimo porto e entreposto comercial, praticamente desde o século XVI. Essa qualidade que Macau teve, possibilitou uma dinamização de relações económicas, quer com a China, quer com a Europa - obviamente, por efeito de Portugal -, quer na altura também com o Japão. As relações amistosas estabelecidas com a China, propiciaram que, já no século XIX, a China reconhecesse Macau como uma cidade, na altura, soberana de Portugal. E a partir daí, as relações dinamizaram-se naturalmente, do ponto de vista comercial e outros, até que houve o reconhecimento, por parte de Portugal e da China, da importância da Região Administrativa Especial que foi entretanto criada, ser integrada na China. Os protocolos de amizade que se estabeleceram, na altura, propiciaram que, entre outras instituições, a língua portuguesa continue a ser a língua oficial da Região Administrativa Especial de Macau, durante 50 anos. O protocolo é de 1999, como sabem, dezembro de 1999 e portanto, já passaram 20 anos, o que significa que durante os próximos 30 anos continuará a língua portuguesa a ser praticada. Por efeito da relação de Portugal e da língua portuguesa no mundo, hoje é a primeira língua mais falada do atlântico sul. É impressionante, mas é verdade, mercê do contributo de vários povos e países de língua oficial portuguesa, desde logo o Brasil, mas também Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau no atlântico sul”.
 
A UCCLA tem “procurado aprofundar os laços de cooperação com a China e com Macau” destacando a parceria, do ponto de vista universitário, com a Universidade de Aveiro, em 2017, em que “eu próprio estive presente, na Província de Yangzhou, e fui convidado para o efeito” acrescentou, destacando também a presença da UCCLA na Feira Internacional de Macau como um dos grandes eventos internacionais.
 
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O Encarregado dos Negócios da Embaixada da China, Conselheiro Xu Zhida, dissertou sobre a China e Portugal, sobre o presente e futuro de Macau e também o papel que Macau desempenha no relacionamento bilateral. “Como todos nós sabemos, acabámos de celebrar o 20.º aniversário do retorno de Macau à China, em 2019, no dia 20 de dezembro. Há 20 anos atrás, segundo a tendência da história, a China e Portugal, resolveram de forma apropriada a questão de Macau, através de um entendimento amigável. O governo chinês recuperou o exercício de soberania sobre Macau sendo, assim, inaugurado um novo capítulo na cooperação amistosa entre a China e Portugal e da amizade entre os nossos dois povos. Estabeleceu-se, deste modo, um paradigma das questões internacionais, ligadas pela história, através de entendimentos amistosos. Essa posição, de facto, não só foi apenas uma posição do governo chinês, mas também do governo português.”
 
Recordando os últimos 20 anos de Macau, afirmou que tem “sido implementado o princípio de “um país, dois sistemas”. Macau governado pela sua população, com um alto grau de autonomia, assegurando a prosperidade e estabilidade de Macau, contando com um grande apoio do governo central chinês, sob a liderança do governo da RAEM e graças aos esforços conjuntos, verificados ao longo de todos os ciclos. Macau tem-se integrado ativamente na construção de “Uma Faixa, Uma Rota”, na construção da Grande Baía, Guangdong-Hong Kong-Macau e na cooperação da região do Pan-Delta, do Rio das Pérolas. A sua economia tem crescido rapidamente, a qualidade de vida dos cidadãos tem vindo a melhorar constantemente e a sociedade tem sido estável e harmoniosa, e tem-se verificado novos progressos nas mais diversas áreas.”
 
Afirmou que, em 20 anos, Macau sofreu um desenvolvimento muito “grande, tão drástico, no bom sentido, claro... Intensificaram-se as ligações e intercâmbios entre Macau e o resto do mundo, demonstrando ao mundo a prática bem-sucedida de “um país, dois sistemas”. A prosperidade e estabilidade de Macau revela plenamente a grande vitalidade de “um país, dois sistemas” e evidenciou que este princípio é viável, exequível e apoiado pelos cidadãos, pela população.”  
 
Reforçou o papel que o governo central da China tem dado a Macau “enquanto plataforma de cooperação das relações sino-portuguesas e tem apoiado Macau no crescente contributo das relações entre a China e Portugal e os demais países de língua portuguesa. A questão de ligações históricas já foi resolvida, mas o papel que Macau desempenhou foi reforçado, em vez de ser reduzido. O governo central da China apoia Macau a assumir funções. Macau já tem novas funções no nosso enquadramento político, como centro mundial de turismo e lazer, plataforma de serviços para a cooperação comercial entre a China e os países de língua portuguesa e base de intercâmbio e cooperação que, tendo a cultura chinesa, como predominante, promove a coexistência de diversas culturas – isto é uma característica única, de Macau.”
 
“Macau, graças às suas vantagens singulares, de idioma, história e cultura, a sua localização geográfica privilegiada, as suas boas condições de infraestruturas e do ambiente de negócios, tornou-se a ponte e plataforma de destaque entre a China e Portugal. Assumindo uma importância, cada vez maior, no relacionamento entre a China e os países de língua portuguesa. A RAEM assume Portugal como um parceiro importante de cooperação, no impulso da sua economia, moderadamente, diversificada, valorizando a cooperação entre Macau-Portugal, bem como os países de língua portuguesa, nas áreas de medicina tradicional chinesa, atividades financeiras, com características próprias de Macau, atividades culturais criativas, empreendimento e inovação, entre outras.” 
 
Enalteceu que, em 2019, também foi celebrado o “70.º aniversário da Fundação da República Popular da China e o 40.º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas sino-portuguesas. Com o passar do tempo, a amizade sino-portuguesa vai sendo cada vez mais sólida e resiliente. Atualmente as nossas relações bilaterais estão no seu melhor momento histórico.” Para terminar, destacou que, em 2020, se “assinala o 15.º aniversário do estabelecimento da Parceria Estratégica Global China-Portugal e estou convicto de que, com os esforços conjuntos da China e de Portugal, as mais diversas cooperações pragmáticas sino-portuguesas, ao abrigo de “Uma faixa, Uma Rota” irão alcançar, certamente, mais resultados positivos, e criar mais benefícios aos dois povos para que, a nossa Parceria Estratégica Global seja ainda mais estável e duradora, contribuindo para a construção do novo tipo de relações internacionais e a construção de comunidade de destino comum da humanidade. Isto é extremamente importante e urgente, tomando em consideração, de que estamos a enfrentar tantos desafios, tantas surpresas. Os nossos dois países têm essa missão e têm essa capacidade.” 
 
Foram oradores no colóquio:
- Rodrigo Brum - Secretário-Geral Adjunto do Fórum Macau, indicado pelos países de língua portuguesa; 
- João Amorim - Administrador da Fundação Oriente; 
- Rui Lourido - Presidente do Observatório da China; 
- Carolina Quintela - Curadora da exposição "O Fio Invisível - Arte Contemporânea Portugal - Macau | China".
 
 
 
 
 
 
Publicado em 10-01-2020