Ciclo de cinema moçambicano na UCCLA
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Ciclo de cinema moçambicano na UCCLA
Publicado em 02-04-2023

No âmbito da “Moçambi-Cá - Exposição de artistas plásticos de Moçambique”, decorreram no mês de março, três sessões de cinema moçambicano, no auditório da UCCLA. Todas as sessões contaram com a presença dos realizadores, permitindo deste modo uma conversa com os mesmos após a visualização dos filmes. 
 

Ciclo de cinema moçambicano na UCCLA


 

No dia 2 de março, no primeiro dia do ciclo de cinema foi possível visualizar os filmes “Kalunga” realizado por Lara Sousa e “The Sound of Masks - A Dança das Máscaras” realizado por Sara CF de Gouveia.

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Kalunga:
De um lugar longe de casa, Lara é conduzida por sonhos enigmáticos a cumprir um ritual de nascimento espiritual que a levará ao lado de sua tia morta de volta a África.

Biografia da realizadora:
Lara Sousa é realizadora e produtora, fundadora da Kulunga Filmes, uma produtora cujo principal objetivo é a produção de filmes (documentários e ficção) por cineastas emergentes de países africanos de língua portuguesa e países da região austral de África.
As curtas-metragens que produziu e realizou ganharam vários prémios e foram exibidas em vários festivais.
Atualmente produz o seu documentário "O Navio e o Mar", que foi selecionado para a Berlinale DocStation e ganhou o Prémio do Fundo Idfa Bertha no Durban Film Market 2020 e foi financiado pelo Sundance Documentary Programme 2021.
Lara Sousa trabalha como coordenadora de formação para o Mercado MiradasDoc e Festival do Documentário em Tenerife - Espanha.
 Recebeu o apoio do programa HotDocs Blue Ice Fund, bem como do Programa Documentário Sundance.


The Sound of Masks - A Dança das Máscaras:
Atanásio Nyusi, um cativante contador de histórias e um lendário dançarino de Mapiko, leva-nos numa viagem visualmente dramática que cruza o passado colonial de Moçambique e o presente do país. Utilizando a música e o corpo como memória, revela a fealdade da guerra através da beleza da dança e da poesia. A dança Mapiko foi usada como instrumento de crítica social e de desafio ao regime colonial. Com o fim da guerra, o seu ressurgimento celebra a liberdade, a identidade cultural e a memória coletiva. Misturando imagens atuais, material de arquivo e sequências de dança contemporânea, o documentário de Sara Gouveia cruza o limiar entre o real e o imaginário. Dois mundos paralelos que se entrelaçam criando uma narrativa visual que liga o passado e o presente de Moçambique.

Biografia da realizadora:
Sara Gouveia é uma realizadora premiada. Os seus filmes têm uma forte estética visual e exploram a linha entre ficção e realidade. Sara participou no Durban Film Mart, IDFA Summer School, Hot Docs Blue-Ice Lab, DocLisboa’s Nebulae e Berlinale Talents.
O seu primeiro documentário de longa-metragem, “The Sound of Masks”, teve estreia mundial no IDFA 2018 e foi descrito na revista “Africa is a Country” como “uma meditação visual sobre a natureza da memória em sociedades pós-coloniais”. O filme foi selecionado para o Hot Docs 2019, New York African Film Festival 2019, Durban International Film Festival e DocLisboa 2019, entre outros. Recebeu o prêmio de Melhor Documentário de Longa-Metragem no Festival Internacional de Cinema de Plateau 2019 e o 14º Prêmio SAFTA Golden Horn de Melhor Fotografia, bem como nomeações SAFTA de Melhor Documentário de Longa-Metragem e Melhor Montagem em 2020. Em 2021, o filme recebeu os prêmios de Melhor Filme Internacional Longa-Metragem e Melhor Direção no 7º Festival Brasil de Cinema Internacional.


No dia 16 de março, a segunda sessão do ciclo de cinema contou com os documentários “Karingana - The Dead Tell no tales” (Os mortos não contam histórias) e “Sonhámos um País”.

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“Karingana - The Dead Tell no tales”:
Direção de Inadelso Cossa
Produção de Lara Sousa
Ano: 2020
Após 30 anos no exílio da morte e do esquecimento, Nkomba Yengo regressa à sua aldeia natal para ouvir as histórias fantásticas do velho Yamba, mas encontra-o surdo e mudo, e numa aldeia em amnésia e traumatizada pela Guerra Civil. Nkomba percebe que não tem mais ninguém para lhe contar histórias a não ser o cinema.

“Sonhámos um País”:
Realização: Camilo de Sousa, Isabel Noronha
Género: Documentário, 70 minutos
Ano: 2019

Documentário biográfico de Camilo de Sousa e Isabel Noronha, estreado no Doclisboa, em 2019
O reencontro de dois camaradas. No início dos anos 70, Camilo de Sousa saiu de Lourenço Marques, Moçambique, andou pela Europa, juntou-se aos guerrilheiros da Frelimo e tornou-se cineasta. Hoje, a viver em Portugal, regressa a Moçambique para reencontrar dois camaradas de armas. Com Aleixo Caindi e Julião Papalo ele rememora tempos antigos, quando a alegria da libertação deu lugar aos tempos negros em que a procura do ‘homem novo’ veio destruir os sonhos e as ilusões de um país.
 

No dia 30 de março, a última sessão do ciclo de cinema moçambicano foi possível assistir ao documentário “Ngwenya, o Crocodilo” de Isabel Noronha.

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“Ngwenya, o Crocodilo”:
Realização: Isabel Noronha
Ano: 2007
Local de Produção: Moçambique
Género: Documentário, 90m
Descrição:
Documentário que traça um retrato espiritual e artístico do pintor moçambicano Malangatana.
O pintor moçambicano Malangatana é descrito por Isabel Noronha como um Ngwenya, que significa crocodilo na língua ronga. “Era assim que ele se apresentava. Era uma figura muito forte e protegia-se o suficiente para não ser atacado. Era profundamente sábio na sua maneira de ser e estar” diz a realizadora que produziu um documentário sobre a vida e as obras do pintor.
(Prémio Festival de Milano - Melhor documentário de África, Ásia e América Latina)