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Apresentação de “A sereia Mánina e os seus sapatos vermelhos” de Celina Pereira
Publicado em 09-11-2018
Decorreu no dia 8 de novembro, na UCCLA, a apresentação do último trabalho da autora cabo-verdiana Celina Pereira “A sereia Mánina e os seus sapatos vermelhos”, um livro inédito carregado de fantasia e de sonho, numa edição bilingue em português e crioulo e com tradução em braille.
O Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, manifestou grande satisfação na apresentação deste evento por ser “justo e tão merecido”, acrescentando que “a Celina Pereira procurou sempre editar esta obra da sereia Mánina, porque é um conto que a mãe lhe contava e portanto esta ambição do respeito pelos mais velhos e pela própria mãe, conduziu-a a fazer esta obra”.
Para Vitor Ramalho, Celina Pereira é “uma personalidade marcante de Cabo Verde e que trouxe para Portugal a cultura cabo-verdiana e interlaçou, de facto, os dois povos e países”, realçando o simbolismo que representa… “é uma força da natureza”.
“A Celina... Eu sou fã da Celina, obviamente, sou fã da cantora Celina, sou fã da escritora Celina e sou fã da pessoa Celina” iniciou a editora Avelina Ferraz, da Editorial Novembro, acrescentando que este áudio-livro tem uma característica muito especial por ter uma “edição em braille, tem a tradução de português braille e crioulo cabo-verdiano braille, uma edição inédita, não há nenhum livro assim”.
Para Avelina Ferraz este livro é notável e permite uma literatura mais abrangente “ou seja, para que também aqueles que são deficientes visuais, possam ter acesso às histórias e essencialmente as crianças, porque este mundo pula e avança, como diz o nosso poeta, mas pula e avança porque há cultura, há desenvolvimento, há ação e há produção cultural. E não é fácil fazer produção cultural. Mas nós fazemos. E a vossa, agora dirijo-me aos cabo-verdianos, é muito rica e nós temos vindo, com a Celina Pereira, e com outras entidades de Cabo Verde a aprender muito convosco”.
A apresentação do livro esteve a cargo da Embaixatriz de Cabo Verde em Portugal, Manuela Soares de Brito, para quem a autora sempre se empenhou na valorização e promoção da cultura de Cabo Verde fora de portas.
Para Manuela Brito “A sereia Mánina e seus sapatos vermelhos”, um livro de conto infantil, aparentemente simples, encerra em si a própria Celina. E aqui eu diria que é quase autobiográfico, mas para o percebermos como tal, necessariamente terei de vos remeter à ilha da Boavista, em Cabo Verde, onde a Celina Pereira nasceu para seguir com a sua família depois para São Vicente, contava apenas 6 anos de idade”. Relembrando a vida e a sua “veia artística” que herdou de família, destacou que a autora desde sempre esteve “preocupada com as questões de preservação da memória coletiva e, consequentemente, da própria identidade do povo cabo-verdiano. Celina Pereira vem cumprindo, desde seu primeiro lp, “Força de Cretcheu”, a aventura de procurar reencontrar a riqueza e diversidade da cultura musical do povo cabo-verdiano”.
“Não é por acaso que nos surge assim, a sereia Mánina, de olhos verdes e penetrantes, com a mais cristalina das vozes que ajudava a chamar a chuva em alguns dias de sol, enquanto penteava os seus cabelos e entoava uma das suas melodias preferidas” assinalou a embaixatriz.
Finalizou afirmando que “dá muito prazer em ouvir Celina neste último trabalho, pela narrativa em si, mas também como Celina deixa escorrer as palavras. Pelo tom, pelo ritmo, pela plasticidade das inflexões de voz e pelo ambiente que transparece, cativa e envolve, transportando o ouvinte para o centro da narrativa. Passando o ouvinte a ver, cheirar e sentir o curso dos acontecimentos. Uma cantora que também é contadora de histórias, não consegue resistir à tentação de se fazer ouvir, em vez de se ler. Formato a que quase facilmente um escritor se vincularia. A voz da cantora que existe em Celina sobrepôs-se sobre a forma como as histórias são contadas, dando corpo e dimensão às narrativas e criando um ambiente de muita musicalidade. Revelando a sua elevada técnica de colocação de voz, de se exprimir e de se fazer ouvir.”
Biografia de Celina Pereira:
Cantora, Educadora, Contadora de Estórias, Escritora.
O seu primeiro single foi editado em 1979. Em 1986 é editado o seu primeiro disco, "Força di Cretcheu" (Força do Amor), com arranjos e direção musical de Paulino Vieira, que inclui estórias e cantigas de roda, de brincadeira, de casamento e de trabalho.
Em 1990 lançou o LP "Estória, Estória… No Arquipélago das Maravilhas" que contou com a colaboração de Paulino Vieira. Iniciou um trabalho de contadora de estórias em 1991, nos Estados Unidos, nas escolas públicas de Boston.
Edita pela editora francesa Melódie, em 1993, o álbum "Nós Tradição". Participa na compilação "Pensa nisto!...".
No disco "Harpejos e Gorjeios", editado em 1998, canta em crioulo e português. Contou com a direção musical de Zé Afonso. Interpreta a morna "Bejo de Sodade", da autoria de B. Leza, com o fadista Carlos Zel.
Colabora com Martinho da Vila no tema "Nutridinha (nutridinha do sal)" do disco "Lusofonia" de 2000.
"Estória, Estória..." foi reeditado em CD e em formato audiolivro (livro/cassete) pela ONG italiana, CIES (Centro de Informação e Educação para o Desenvolvimento), tendo vários prémios nacionais e internacionais.
"Estória, Estória… do Tambor a Blimundo" é um áudio-livro que pretende recuperar o património expressivo das histórias e jogos de roda tradicionais africanos. As ilustrações são da autoria da italiana Cláudia Melotti e os textos são da autoria de Celina Pereira bem como a adaptação de dois contos africanos. A 2.ª edição desta obra multilingue apresenta-se em português, crioulo, inglês e francês.
Foi condecorada, em 2003, com a Medalha de Mérito - grau comendadora - pelo presidente português, Jorge Sampaio, pelo seu trabalho na área da educação e da cultura cabo-verdiana.
Além dos muitos prémios anteriores foi galardoada em 2014 com o PRÉMIO CARREIRA CVMA/ Cabo Verde Music Awards, em 2015 com o PRÉMIO DE MÉRITO da Multilanguage Schools Foundation, do Funchal, em 2017 com o Prémio Lusofonia em 2017, Oscar Mulher Empreendedora na categoria Música em 2018.