Adeus Bana
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Adeus Bana
Portugal | Lisboa
Publicado em 15-07-2013

Centenas de pessoas marcaram presença no último adeus ao Rei da Morna, Bana, falecido no passado sábado, dia 13 de julho.

A Missa de Corpo Presente, proferida pelo Bispo da Diocese do Uíge, Dom Emílio Sumbelelo, na Igreja da Sagrada Família, em Benfica, Lisboa, foi pequena para todos aqueles que quiseram prestar a última homenagem a uma das figuras mais emblemáticas da cultura cabo-verdiana.

Várias autoridades cabo-verdianas estiveram presentes na cerimónia, como o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, os ministros cabo-verdianos da Cultura, Mário Lúcio, e das Comunidades, Fernanda Fernandes, e a Embaixadora de Cabo Verde em Portugal, Madalena Neves. Pelo estado português, esteve presente o Secretário de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier.

No final da cerimónia religiosa, o filho do cantor Ademiro Almeida lembrou o percurso e carater do pai e de toda a aprendizagem e legados deixados.

O Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, destacou o papel universalista e o valor de Bana para a cultura lusófona, como Património Imaterial, e para a multiculturalidade em Lisboa e na Europa. Vitor Ramalho apelidou Bana como um símbolo de Cabo Verde, com um papel muito relevante na difusão da cultura deste povo irmão. O Secretário-Geral falou, também, em representação do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, que não pode estar presente na cerimónia. Recorde-se que a UCCLA levou a efeito dois espetáculos de homenagem a Bana, tendo no último, a 31 de março de 2012, oferecido ao homenageado, em nome das cidades UCCLA, uma placa com a inscrição “Bana - Cantor de sentimentos que nos Unem”.

O representante do Povo de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, lembrou o amigo, a figura impar de Bana. Destacou o papel desempenhado pelo Rei da Morna na cultura e música de Cabo Verde, e das diversas homenagens que lhe foram prestadas.

Ao longo de toda a cerimónia religiosa, um coro multicultural fazia ecoar música pela pequena igreja. Apelidado por Rei da Morna, foi desta forma que um grupo de artistas, cantores e instrumentistas prestaram a última homenagem a Bana, com um momento musical de Morna.

Depois da missa de corpo presente, o funeral seguiu para o Cemitério do Alto de São de São João, local onde o corpo do músico cabo-verdiano foi cremado, segundo o desejo manifestado em vida.

 


O Governo de Cabo Verde decretou dois dias de luto nacional pela morte de Bana.

O livro de condolências estará aberto na chancelaria da embaixada de Cabo Verde em Lisboa, na terça e quarta-feira, das 10 às 16 horas.

 

O cantor Bana, de nome completo Adriano Gonçalves, foi um dos nomes que mais ajudou a projetar a música de Cabo Verde no mundo, desempenhando um papel fundamental como agente da cultura do arquipélago. 

"Embaixador" da música cabo-verdiana, por ser pioneiro em levá-la além-fronteiras, Bana já foi reconhecido com várias condecorações e homenagens, quer em Cabo Verde quer no estrangeiro. Acumulando diversas distinções honrosas no seu país, com algumas condecorações presidenciais, viria a ser considerado o rei da música cabo-verdiana, elevado ao mesmo altar que consagrou os conterrâneos Cesária Évora e Tito Paris, ambos apadrinhados, em início de carreira, por Bana.

Bana deixa um legado extra carreira, pois foi graças ao "Rei da Morna" que muitas das atuais "estrelas" da música cabo-verdiana começaram a brilhar, como é exemplo Celina Pereira, Dany Silva, Paulino Vieira, Tito Paris, Leonel Almeida, Titina, Zizi Vaz, entre muitos outros.

Morna e coladeira foram os géneros, por excelência, interpretados e divulgados por Bana, que menino ainda começou a cantar, em São Vicente, sob a orientação do seu mentor e mestre, B. Leza.

 

Dados Biográficos:

Bana começou a cantar ainda miúdo nas ruas e cafés do Mindelo. Com a sua voz firme encantou tudo e todos e, rapidamente, fez ecoar a sua voz pelos vários cantos do mundo. Gravou mais de 50 discos ao longo da sua carreira, centenas de músicas, viajou pelo mundo, ajudou a lançar dezenas de músicos caboverdianos, e espalhou o nome de Cabo Verde além-fronteiras.

Bana, oriundo de uma família humilde e pobre, nasceu a 5 de março de 1932, na Ilha de São Vicente, Mindelo, mas só foi registado a 11 de março.

Aos 13 anos abandona os estudos, pois a sua paixão pela música cedo se revelou. Na companhia dos mais velhos, como Lela Maninha, Marcelo, Tchuf, Abílio Duarte, e outros, começou a dar os primeiros passos, tímidos, mas muito dedicados para o mundo da música.

Com quase 70 anos de carreira, Bana é um ícone da cultura de Cabo Verde, com um percurso ímpar e único.

Adriano Gonçalves, ou simplesmente Bana, cedo conquistou lugar nas vozes mais emblemáticas do mundo lusófono. Com um ar “bonacheirão”, voz forte, olhar terno, altura considerável, com um lenço branco na mão, a sua imagem marca cada palco, cada atuação.

A estreia em Portugal aconteceu em 1969, a quando da inauguração da Casa de Cabo Verde em Lisboa.

 

Reportagens:

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