Quis a história que, desde há séculos, se tivessem estabelecido relações muito estreitas entre os povos da atual Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Com efeito, as ilhas de Cabo Verde foram povoadas essencialmente com escravos negros oriundos da Costa Ocidental Africana, então chamada Rios da Guiné do Cabo Verde, e em especial dos territórios que constituem a atual Guiné-Bissau.

No âmbito da dominação colonial portuguesa, as ilhas de Cabo Verde e a faixa costeira africana vizinha constituíram uma única entidade administrativa governada a partir da ilha de Santiago de Cabo Verde até 1879, data em que o território guineense foi desanexado de Cabo Verde e transformado numa província ultramarina portuguesa administrada por um governador-geral nomeado diretamente pelo governo português.

Ainda assim, a Guiné dita portuguesa continuou a ser um destino privilegiado da emigração cabo-verdiana, em especial de quadros administrativos e de homens de negócios.
Neste contexto, estabeleceram-se intensos laços históricos, de sangue e de cultura entre os dois povos, laços históricos esses muitas vezes perpassados por ressentimentos e mútuas incompreensões, mas também por muitas afinidades, das quais a língua crioula é o símbolo mais fecundo e o exemplo mais flagrante.

Lisboa tem-se mostrado como um lugar privilegiado de intercâmbio e de troca de experiências entre os africanos que nela procuraram acolhimento para os estudos, trabalho ou lazer. Lançaram-se as sementes para a emancipação política dos povos africanos das antigas colónias portuguesas e para o estreitamento das suas futuras relações de amizade e cooperação com o povo português.

Em Lisboa, continuam a cimentar-se e a fortalecer-se os laços de convivência entre os povos guineense e cabo-verdiano através, tanto das suas comunidades imigrantes, como das segundas gerações dos seus filhos já nascidas e crescidas em Portugal.

Deste modo, um grupo de guineenses e de cabo- verdianos decidiram fazer mais para o estreitamento dos laços de fraternidade entre as suas comunidades instituindo em Portugal o dia 12 de setembro, dia do nascimento de Amílcar Cabral, como o Dia de Amizade entre os Povos da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Assim, nos dias 12 e 14 setembro, o Liceu Camões (Praça José Fontana, Lisboa, Portugal) irá acolher uma vasta programação.

Dia 12, às 18 horas, terá lugar a abertura solene das celebrações do Dia da Amizade Guiné-Bissau – Cabo Verde com a presença de personalidades e entidades representativas de Cabo Verde, da Guiné-Bissau, de outros Países Africanos e da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

No mesmo dia, haverá ainda inauguração da exposição de Artes Plásticas da Guiné-Bissau e de Cabo Verde, a apresentação pública das Obras Escolhidas de Amílcar Cabral e um jantar de confraternização com música ao vivo e pratos típicos da Guiné-Bissau e Cabo Verde.

No dia 14 de setembro, a partir das 12 horas, terá lugar um arraial e, mais tarde, um grande concerto musical a encerrar as festividades.


Mais informações