O Dia de África em torno da História de Angola na UCCLA

O Dia de África em torno da História de Angola na UCCLA

A UCCLA foi o palco da apresentação da 2.ª edição da obra “História de Angola - Da Pré-História ao Início do Século XXI” da autoria de Alberto Oliveira Pinto, dia 25 de maio - Dia de África - e onde se abordou a criação da Organização de Unidade Africana. 
 
    
 
Na ocasião, o Secretário-Geral, Vítor Ramalho, abordou a envolvência que justificou a criação da Organização de Unidade Africana e a sua evolução para a atual Unidade Africana.
 
Para Vítor Ramalho, o Dia de África é particularmente relevante para o continente africano. Decorreu de uma deliberação das Nações Unidas e quando foi criada a Organização de Unidade Africana (OUA - 1963), em Addis Abeba, Etiópia. “Nessa altura, o mundo era absolutamente bipolar em que havia conceções antagónicas relativamente à própria marcha do mundo e à própria marcha do continente africano” afirmou, acrescentando que a OUA foi criada tendo como objetivo a “luta contra o apartheid e a luta em prol das independências dos territórios ainda colonizados” e sobretudo “defendendo a unidade de África”. A OUA foi substituída pela União Africana, em 9 de julho de 2002, a “estrutura representativa dos interesses de África”.
 
  
 
Relativamente às perspetivas futuras do continente africano, Vítor Ramalho afirmou que o continente tem uma “crise económica resultante da situação da globalização”, acrescentando que “o futuro de África está ensombrado com contradições relativamente ao seu próprio desenvolvimento”, onde a demografia africana cresce exponencialmente, dado que não poderá ser “dissociado da natureza das religiões ecuménicas” - ou seja, o continente africano “a meu ver, tem que dar passos gigantes e ter uma postura de grande rigor nas mudanças que têm que ser operadas, numa lógica de clarificação dos objetivos, inclusivamente na própria conceção do estado da sua credibilização”.
 
      
 
 
Para Jean-Michel Mabeko Tali, historiador e professor da História de África, a obra “História de Angola - Da Pré-História ao Início do Século XXI” é uma excelente ferramenta para os estudantes africanos, com uma “narração complicada, problemática, porque a história de Angola tem sido condicionada, mesmo a mais antiga, por essa luta dentro do nacionalismo angolano”.
 
 
Alberto Oliveira Pinto relembrando o lançamento da 1.ª edição da obra, ocorrido a 4 de fevereiro de 2016, afirmou que é essencial haver uma história de Angola. Para o autor deveria haver o Dia das Áfricas, pois cada país tem uma realidade própria.
 
 
Após as intervenções da mesa, foi dada a palavra à audiência.

 

Ouça aqui todas as intervenções

 

  

 

Sinopse:
“A minha História de Angola. Da Pré-História ao Início do Século XXI pretende ser o livro inexistente durante os 40 anos que decorreram sobre a Independência de Angola, em 1975, e para o qual tanto fui desafiado, desde a década de 1990, por colegas dos Estudos Africanos, pela juventude angolana – da qual destaco os meus alunos -, e também por pessoas das mais diversas proveniências (Angolanos, Portugueses, estrangeiros): uma História de Angola condensada num só livro; um livro que, podendo ser um manual, contém algo mais do que o essencial sobre a memória do povo angolano; um livro que, não só pode servir ao leitor comum, como ao estudante - do ensino universitário, do secundário e mesmo do básico -, como ainda de instrumento de trabalho e consulta aos investigadores. Enfim, um livro destinado o povo angolano mas também ao mundo inteiro. Procurei fazer um manual da História de Angola, embora com questionamentos e aprofundamentos inevitavelmente subjectivistas próprios de um historiador. Não esgota, evidentemente, a História de Angola, mas acredito que serve de ponto de partida para os que a querem conhecer e estudar. Mas também funciona – e porque não dizê-lo? – como objecto lúdico de leitura, se é que há leituras lúdicas.”
 
Alberto Oliveira Pinto
Lisboa, 16 de Fevereiro de 2016     
 
 
Nota biográfica:
Alberto [Manuel Duarte de] Oliveira Pinto nasceu em Luanda, Angola, a 8 de janeiro de 1962. Licenciou-se em Direito pela Universidade Católica Portuguesa, em 1986. É Doutorado e Mestre em História de África pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde colaborou como docente no Departamento de História. Lecionou igualmente noutras universidades portuguesas. Presentemente é Investigador do Centro de História da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e do CEsA - Centro de Estudos sobre África e do Desenvolvimento do Instituto Superior de Economia e Gestão. Como ficcionista publicou diversos romances e é autor de múltiplos livros de ensaio. Em 2016, foi presidente do Júri do Prémio Internacional em Investigação Histórica Agostinho Neto da Fundação António Agostinho Neto (FAAN). No mesmo ano foi, pela segunda vez, vencedor do Prémio Sagrada Esperança 2016 com o ensaio inédito Imaginários da História Cultural de Angola.
 
Publicado em 25-05-2017