Manuel Alegre vence Prémio Camões 2017

Manuel Alegre vence Prémio Camões 2017

O escritor português Manuel Alegre é o vencedor do Prémio Camões 2017, prémio instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil. O anúncio foi feito na Biblioteca Nacional no Rio de Janeiro, Brasil, dia 8 de junho.
 
"Como poeta, começou a destacar-se nas coletâneas 'Poemas Livres' (1963-1965). Mas o grande reconhecimento nasce com os seus dois volumes de poemas, 'Praça da Canção' (1965) e 'O Canto e as Armas' (1967), apreendidos pelas autoridades antes do 25 de Abril, mas com grande circulação nos meios intelectuais", lê-se no comunicado divulgado pelo Governo português.
 
Os livros "A Praça da Canção" e "O Canto e as Armas" marcaram, à partida, o seu percurso político e literário, de combate, contra a censura, contra a guerra colonial e a ditadura do Estado Novo.
 
"O Canto e as Armas" é "o livro de uma geração, mas também um livro que se prolongou no tempo, enquanto voz de esperança numa pátria livre, e de denúncia da opressão política da ditadura salazarista, da guerra colonial, da emigração e do exílio, a que muitos portugueses, como o próprio poeta, foram condenados", assinalou o grupo editorial LeYa.
 
Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de maio de 1936, em Águeda, estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi dirigente estudantil.
 
Dirigiu o jornal A Briosa, foi redator da revista Vértice e colaborador de Via Latina.
 
Esteve dez anos exilado em Argel, onde foi dirigente da Frente Patriótica de Libertação Nacional, e fez parte dos quadros da emissora de Rádio Portugal Livre.
 
Manuel Alegre regressou a Portugal após o 25 de Abril, em 02 de maio de 1974, e entrou mais tarde no Partido Socialista, tendo sido deputado constituinte pelo círculo eleitoral de Coimbra, candidatura que repetiu neste distrito em todas as eleições legislativas até 2002.
 
Em Portugal, voltou a trabalhar na rádio, nomeadamente na Radiodifusão Portuguesa.
 
Em 2006, Manuel Alegre candidatou-se à Presidência da República como independente, voltando a concorrer em 2011. Foi membro do Conselho de Estado até ao final da anterior legislatura.
 
Manuel Alegre recebeu, no ano passado, o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores e o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.
 
É o único autor português incluído na antologia "Cent poèmes sur l'exil", editada pela Liga dos Direitos Humanos, em França (1993). Em abril de 2010, a Universidade de Pádua, em Itália, inaugurou a Cátedra Manuel Alegre, destinada ao estudo da Língua, Literatura e Cultura Portuguesas.
 
Com um percurso de mais de 50 anos de escrita, Manuel Alegre tem recebido prémios literários nacionais e internacionais. 
 
Esta é a 29.ª edição do Prémio Camões, instituído pelos Governos de Portugal e do Brasil, em 1988, e atribuído pela primeira vez em 1989, ao escritor português Miguel Torga.
Este prémio consagra anualmente "um autor de língua portuguesa que, pelo valor intrínseco da sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum".
 
O júri foi constituído por Paula Morão, professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, Maria João Reynaud, professora associada jubilada da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Leyla Perrone-Moisés, professora emérita da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, José Luís Jobim, professor aposentado da Universidade Federal Fluminense e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Lourenço do Rosário, reitor da Universidade Politécnica de Maputo e pelo poeta cabo-verdiano José Luís Tavares.
 
 
 
 
 
Publicado em 09-06-2017