Língua portuguesa em debate

Língua portuguesa em debate

Um debate em torno do tema “Português, Língua de Cultura”, reuniu, na Casa do Alentejo, no dia 21 de abril, diferentes oradores que analisaram a língua portuguesa como expressão de cultura em múltiplas perspetivas.
 
A sessão de abertura esteve a cargo do Secretário-geral da UCCLA, Vitor Ramalho, do Administrador da Fundação Calouste Gulbenkian, Guilherme d’ Oliveira Martins, e Rosa Calado, da Casa do Alentejo.
 
    
 
Trata-se de um evento promovido pela Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP, com a colaboração da Comissão Temática dos Assuntos Culturais dos Observadores Consultivos da CPLP.
 
Para Vitor Ramalho - que falou, também, em nome da Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP - a língua portuguesa é uma “cultura de afetos” que carateriza as “diásporas dos nossos povos e países”. Recordando as crises existentes nos países de língua portuguesa, afirmou que é nos momentos de crise que “deveremos dar as mãos”.
 
“Esta conferência revela o peso do valor da sociedade civil”. Para o Secretário-geral, a língua portuguesa é a “primeira mais falada do atlântico sul, a quinta língua mais falada do mundo e a singularidade dela é que cresceu na proporção dos últimos 40 anos, em função da afirmação das independências dos países africanos lusófonos”. 
 
Relembrando que, no próximo dia 5 de maio, se assinala o Dia da Língua Portuguesa, Vitor Ramalho afirmou que a língua portuguesa é uma “língua nativa, em muitos países, o seu crescimento é exponencial e é uma língua determinante para a economia e para os negócios e, nessa perspetiva, a UCCLA não podia deixar de se associar” ao evento. 
 
 
De acordo com Guilherme d’ Oliveira Martins "a língua portuguesa vai, até ao final do século XXI, ser uma das cinco línguas do mundo que vai registar não apenas um grande crescimento, mas também uma projeção global, em todos os continentes", acrescentando que o mandarim, o hindi, o inglês e o espanhol serão as restantes línguas.
 
Para o responsável da Fundação Calouste Gulbenkian a língua portuguesa é de importância universal, “é uma língua património, uma língua de várias culturas e culturas de várias línguas”, sendo “propriedade de todos”. Reforçando a ideia que a língua bem falada "não é uma tarefa de gramáticos, mas sim uma tarefa de cidadãos", sublinhou que "a língua é sempre uma realidade viva".
 
"Até 2070, o Brasil será o país com maior crescimento de falantes do português e, entre 2070 a 2100, prevê-se que este crescimento seja na costa ocidental de África, em especial em Angola", acrescentando que "a língua portuguesa não é uma língua uniformizadora, é uma língua de diversidade e de compreensão mútua”. 
 
Para Guilherme d’ Oliveira Martins é “indispensável que percebamos que a língua é um instrumento fundamental da comunicação”. 

 
Testemunhos pessoais foram dados a conhecer no painel “Língua e Literatura”, moderado pela escritora Lídia Jorge, constituído por Maria do Rosário Pedreira (Editora, Grupo Leya), Goretti Pina (União Nacional de Escritores e Artistas de São Tomé e Príncipe) e Delmar Maia Gonçalves (Círculo de Escritores Moçambicanos na Diáspora).
 
  
 
Maria do Rosário Pedreira partilhou a sua experiência como editora e relembrou o papel da língua portuguesa e da cultura num relato pessoal.
 
Goretti Pina abordou as festividades que ocorrem na Ilha do Príncipe, expressas no seu livro, e recordou a relação de amizade que tem com uma menina surda-muda que vive na ilha num testemunho pessoal emotivo. 
 
Delmar Maia Gonçalves falou da literatura e filosofia moçambicana como uma forma particular de sentir e transmitir aos outros a mensagem através da escrita.
 
 
Publicado em 21-04-2016