Hélio Bandeira lança novo romance na UCCLA

Hélio Bandeira lança novo romance na UCCLA

A UCCLA foi o palco do lançamento do romance "VYṦEHRAD - A Ponte do Suicídio" da autoria do são-tomense Hélio Bandeira, no dia 27 de setembro.
 
O evento contou com intervenções do prefaciador do livro Abílio Bragança Neto, António Bondoso e do autor Hélio Bandeira.  
 
O Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, não podendo estar presente deixou uma mensagem, que poderá ser lida aqui.
 
Lançamento do livro VYṦEHRAD - A Ponte do Suicídio de Helio Bandeira  Lançamento do livro VYṦEHRAD - A Ponte do Suicídio de Helio Bandeira_0321
 
Para António Bondoso "VYṦEHRAD - A Ponte do Suicídio" é um “livro extremamente simpático com uma capa fora de vulgar e eu, para abrir as hostilidades, diria que estamos perante um romance gourmet”, destacando que o “enredo ficcional do Hélio está muito bem confecionado, com praticamente todos os bons ingredientes de um romance, como a capacidade narrativa que nos coloca, sem esforço, no centro da história. Um enredo credível que, facilmente poderemos situar no espaço e no tempo da história recente de São Tomé e Príncipe, mais precisamente no último quartel da década 80, do século passado e no início dos anos 90. Nessa perspetiva, o autor aborda, sem tabus, alguns temas de perfeita atualidade como o racismo de raízes bem cimentadas nos males do colonialismo, críticas naturais à condição portuguesa.”
 
O prefaciador do livro, Abílio Bragança Neto, enaltece que o autor faz algo de ambicioso como “colocar estrangeiros, que são mesmo estrangeiros, em São Tomé e Príncipe a viver connosco a sua existência lá. Coloca-nos fora de São Tomé e Príncipe, ou seja, os são-tomenses na diáspora, fora de São Tomé e Príncipe, mas não no contexto de diáspora do conjunto coletivo de são-tomenses, mas de são-tomenses individuais espalhados, eles sozinhos pelo mundo e com o mundo. É muito atrevimento para um autor jovem, mas está tão bem conseguido, e está tão bem feito que eu atrevo-me mesmo a dizer que o que disse, relativamente ao primeiro romance do Hélio, que era um romance político, nós estamos, se calhar, aqui na presença daquilo que o Bondoso disse e bem, que é um romance gourmet, olhando para a qualidade da obra. Eu diria que é um romance cosmopolita, olhando para o atrevimento de fazer circular São Tomé e Príncipe e outros que se relacionam connosco, pelo mundo de forma despoletada e sem preocupação em justificar a sua deslocalização.”
 
Lançamento do livro VYṦEHRAD - A Ponte do Suicídio de Helio Bandeira_0327  Lançamento do livro VYṦEHRAD - A Ponte do Suicídio de Helio Bandeira_0330  Lançamento do livro VYṦEHRAD - A Ponte do Suicídio de Helio Bandeira_0347
 
Para Hélio Bandeira é importante “ter São Tomé e Príncipe sempre no coração e saber que vou colocar a literatura, vou acrescentar alguma coisa na literatura são-tomense. Esta é a literatura que nós temos e conhecemos como a literatura são-tomense que, para mim, ainda não é muito expressiva e que é preciso trazermos novas vozes e essas vozes que lá estão, trazerem coisas sempre novas, ousadas e bem.”
 
 
 
 
 
Biografia
 
Hélio Bandeira nasceu na ilha de São Tomé, no arquipélago de São Tomé e Príncipe, onde viveu toda a infância e recebeu a instrução primária e secundária. Começou a sua atividade literária na adolescência, como pioneiro da UNEAS - União Nacional dos Escritores e Artistas São-tomenses. Completou o ensino secundário em Aveiro (Portugal) e foi educado pelas universidades de Coimbra (Portugal) e de Liverpool (Inglaterra). É graduado em Engenharia de Computação e Electrónica. 
 
Autor de vários artigos e crónicas em diversas plataformas de comunicação lusófona, publicou a sua primeira obra literária “SODADI - A Comadre do Cão” em 2012, em Londres, pela editora britânica Bank House Books and Media. O controverso Romance, que na altura fora descrito pela crítica como um «Romance Político», aborda questões atinentes à migração Cabo-verdiana para as ilhas de São Tomé e Príncipe no período colonial e o atual desterro em que vive esta diáspora (ex-contratados “ficados”) nas diversas roças de São Tomé e Príncipe após a independência das ex-colónias. 
 
Com esta publicação, o autor adquiriu a titularidade de primeiro escritor São-tomense a publicar no Reino Unido, na língua portuguesa, por uma editora inglesa (conforme consta na British Library e Nielsen Book UK). No SODADI, a perspetiva sob a qual o autor enuncia os estigmas pós-coloniais e questiona os valores identitários nacionalistas abriu precedente para vários debates, como também serviu de inspiração para a produção de algumas reportagens televisivas. A obra de estreia do autor - SODADI - que contou com três edições sucessivas (1.ª Ed, 2012; 2.ª Ed, 2013; 3.ª Ed, 2014) foi apresentada e bem acolhida em quase todas as áreas geográficas de jurisdição da diplomacia são-tomense em Portugal e nos Países Baixos. 
 
Em 2019, Hélio Bandeira edita um novo Romance, “VYŠEHRAD - A Ponte do Suicídio”, tendo São Tomé e Príncipe, novamente, como um dos focos, através de uma estrutura editorial própria do autor [Edições Pena]; e pela mesma “chancelaria”, tem em curso a edição da sua próxima obra (um livro de contos e poesias). 
 
Atualmente o autor reside em Liverpool - Inglaterra, onde exerce a sua atividade profissional nas áreas de Análise e Gestão de Dados | Desenvolvimento de Software e Plataformas Web | Consultoria de TI, e faz literatura em língua portuguesa. 
 
 
 
Sinopse - VYṦEHRAD, A Ponte do Suicídio: 
 
A necessidade económica, precedida de busca de uma formação académica em enfermagem, leva a Marta a migrar do interior de Liberac para a cidade de Praga. Sem precedentes lógicos, e ainda com a mocidade preservada, descobre que é seropositiva. 
O desespero causado pelo conhecimento daquele infortúnio levar-lhe-á, várias vezes, a engendrar um plano que visa render a sua alma ao criador, atirando-se da Ponte de Nusle - a conhecida e mítica Ponte do suicídio, que se vê em perspectiva panorâmica a partir do miradouro de VYṦEHRAD no distrito 1 da cidade de Paga. 
A última tentativa de suicídio é testemunhada e dissuadida pela chefe da catedral local - a madre Veronika Vidmarová -, quem acaba por oferecê-la a proposta de uma vida monástica como refúgio ao seu estigma. Entretanto, a matriarca terá de usar os seus maiores artifícios para convencer o corpo episcopal a admitir a entrada de uma portadora de HIV para o noviciado - uma altura em que a ignorância sobre o maldito vírus custava um mundo. 
No Convento de VYṦEHRAD, servindo-se dos seus conhecimentos de enfermagem, agora na qualidade de freira-noviça, Marta aceita o desafio de embarcar para o arquipélago de São Tomé e Príncipe, como uma das voluntárias da OMS - uma aventura missionária liderada pelo cirurgião cardíaco e enófilo, Dr. Willian Harveys, inglês checo-descendente da família australiana Harveys, que tem grandes influências na indústria vínica do «novo mundo». 
É naquelas ilhas do equador onde a beleza falaciosa da checa, de forma incómoda, abrirá o apetite ao sabor do pecado dos homens que lhe forem aproximar, onde o seu profissionalismo e humanismo farão magias e a sua doçura cativará o amor das crianças de São Tomé e Príncipe; e será ali onde Marta, não obstante a sua “pele lívida”, encontrará as respostas àquilo que nunca antes havia questionado, pelo menos não da forma como a realidade se imporá diante de si. 
À intricada situação entre o sacerdócio e o mundo maculado, acresce-se a “crispada relação” entre o médico e a enfermeira, que vão marcando a trajectória de uma vida ordinária feita por duas pessoas extraordinárias, retidas pela inocência e vítimas das suas próprias mentiras, neste enredo fascinante, irónico e bastante surpreendente, onde encontra-se a constante presença de uma diversidade de sabores vínicos do terroir alentejano ao oeste anglo-australiano. 
Neste caso, será redundante dizer-se que no vinho estará a verdade?! 
 
 
 
 
 
 
Publicado em 30-09-2019