Lançamento do livro “Poemas em Tempo de Guerra” na UCCLA

Lançamento do livro “Poemas em Tempo de Guerra” na UCCLA

O auditório da UCCLA foi o palco do lançamento do livro “Poemas em Tempo de Guerra” da autoria de Filomena Afonso, no dia 3 de fevereiro. 
 
O livro, com prefácio do Secretário-Geral da UCCLA, Vitor Ramalho, aborda a paixão, a saudade, a guerra, a solidão dos afetos, a memória, o tempo… 
 
A apresentação do livro coube a Aliette Martins, jornalista e amiga da autora, que recordou a forma como conheceu a autora numa noite de temporal. 
 
Para Aliette quem abre o livro pensará que “encontra militares em todo o lado, mas não”, pois é a autora “ela própria a escrever sobre aquela paixão dominante que apanhava a juventude, tinha 21 anos”, acrescentando que os “poemas da Filomena são de paixão”. Neste livro “vivem-se paixões inesperadas em todas as guerras, mesmo quando a questão amorosa surge apenas de passagem, a referência ao correio, à saudade sobretudo, ao terror da traição, deles e delas, a solidão dos afetos”. 
 
A frase que poderá ser aplicada à autora, de acordo com Aliette, é “a escrita feminina consagra o tempo reencontrado, como se fosse a reabertura de uma ferida de impossível cicatrização imersa na memória”, pelo “passado que ela quis compartilhar com os amigos”. Finalizou afirmando que os “poemas são um grito ao seio da interioridade”.
 
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Vitor Ramalho iniciou a sua intervenção explicando os propósitos da UCCLA e recordou a sua terra natal, a Caala, em Angola.
 
Relativamente ao livro ele “assenta numa relação de amizade, que é das coisas mais caras que hoje nós podemos ter neste mundo, que aliás eu refiro como hedonista, um mundo onde as pessoas procuram caminhar por caminhos verdadeiramente egoístas”, acrescentando que é um “livro de poemas que nos remete para a adolescência, e a adolescência tem a ver com a ingenuidade da vida… e essa ingenuidade é a coisa mais bela que nós podemos ter”. A autora “sendo natural de Angola e tendo escrito num período em que a ingenuidade é muito forte, nunca perdeu de vista aquilo que forjou a sua própria personalidade, num período difícil onde nós aprendemos a vida”.
 
O livro retrata, assim “a forma como uma jovem se interroga sobre a razão da guerra, sobre as suas paixões na adolescência, naturais e legítimas, e que fazem o próprio enriquecimento da vida. É um livro de memórias afetivas”. 
 
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“Decidi, hoje, partilhar com todos vós este livro, com poemas, que escrevi há mais de 40 anos” afirmou a autora, acrescentando que, perante um tempo conturbado, “encontrei na escrita uma forma de expressar não só o sofrimento e a inquietação, mas também esperança e amor, que se refletem no livro”, um livro que dedica aos netos Diogo e Tiago.
 
Ao longo do evento foram passando imagens de Angola que “recordo com muitas saudades. Muitas destas imagens serviram para a inspiração de poemas auto biográficos, que decorreram de sentimentos, emoções, experiências e sonhos vividos em Angola na flor da minha juventude” refere Filomena Afonso. 
 
O encerramento do evento foi marcado com um vídeo que nos transportou por terras africanas.
 
 
 
 
 
Sobre o livro:
 
“Vivem-se paixões inesperadas em todas as guerras mesmo quando a questão amorosa surge apenas de passagem. A referência ao correio, à saudade, ao terror da traição, à solidão dos afectos, tem sido uma consequência assinalável.
Quando são abordadas as relações amorosas ocorridas no período da Guerra Colonial, por norma, há no nosso País, uma literatura de raiz acentuadamente autobiográfica. A literatura de autoria feminina, situando-se do lugar das mulheres - o lugar das esperas -, aborda mais especificamente a relação, na retaguarda da guerra, quase unicamente no território das ex-colónias.
A literatura de autoria masculina, relatando as experiências dos homens no terreno do combate, contém muitas referências sobre as relações amorosas. E não raramente com uma maior abrangência, porque inclui não só o modo como os homens vivem a ausência das mulheres, postos à prova em situações limite, mas também o relacionamento com as mulheres das colónias.
A escrita feminina consagra o tempo reencontrado, como se fosse a reabertura de uma ferida de impossível cicatrização, imersão da memória.”
 
 
Biografia da autora:
 
Filha de pais portugueses, Filomena Afonso nasceu em Angola, tem 64 anos. É casada, tem uma filha e dois netos. Fez o ensino secundário em Benguela. Ingressou no Curso de Fisioterapia em 1972, tendo terminado em 1975.
Apaixonada por música clássica e, sobretudo, tocada a piano, em 1973, inicia um curso de piano do Conservatório de Música de Luanda, onde viria a permanecer dois anos.
Seguidamente inicia a sua atividade profissional no Centro de Medicina Física e de Reabilitação, em Luanda, atividade que é interrompida após o 25 de Abril. Em 1975 vem para Portugal.
É, atualmente, fisioterapeuta e empresária, tendo a seu cargo a direção da clínica que gere. Tem no doente, a sua prioridade. É a sua convicção que “a persistência é o caminho para o êxito”.
 
 
 
Publicado em 04-02-2018