Paulina Chiziane ensina a contar estórias em palestra

Paulina Chiziane ensina a contar estórias em palestra

No dia reservado à palestra da escritora moçambicana Paulina Chiziane, dia 6 de julho, na Escola Secundária Eduardo Mondlane, os alunos foram convidados a se sentarem à “volta da fogueira” com o propósito de os ensinar a contar uma estória. Neste quesito, o fundamental é conhecer a língua, ouvir, ler e só depois escrever, revelou a escritora. 
 
    
 
 
Conhecer a língua 
A língua é o fio que tece as estórias. Aprender e ter o domínio da mesma é a condição sine qua non para contar uma estória. De acordo com a autora de “As andorinhas” a língua é a maior herança dos indivíduos. “Não se pode aprender qualquer coisa que seja e nem contar uma estória sem conhecer a língua“ afirmou. Paulina Chiziane desafiou os alunos a conhecerem as línguas, tendo como ponto de partida a língua materna - através da qual os mais velhos contam estórias. 
 
Ouvir e ler só depois escrever
A autora de “Baladas de Amor ao Vento” brindou aos jovens, contando-lhes uma estória retirada da obra “Xitlangu – o filho do chefe” de Eduardo Mondlane. Segundo a escritora, a estória, ora escrita, fora contada ao Mondlane pela avó. Assim, queria Chiziane mostrar aos jovens como a oralidade pode dar luz a boas estórias. A escritora incitou-os a fazerem visitas frequentes aos seus avós. “Os mais velhos são detentores de boas estórias”, adiantou. 
 
    
 
O exemplo da escritora
Paulina Chiziane, antes de se entregar à escrita, ouvira muitas estórias. Contava cinco anos de vida, quando à volta da fogueira começou a ouvir estórias contadas pela avó. A sua obra literária – como a escritora reconhece em Niketche – foi e é inspirada nos contos à volta da fogueira, sua primeira escola. Todavia, a escritora também encontra inspiração no dia-a-dia social. “A sociedade também inspira-me”.
 
 
Quando aprendeu a ler, lia tudo o que encontrava. “Lia até a lista telefónica”, revelou. Já a escrita, que chegou aos nove anos, foi o mar onde desaguaram os rios de estórias ouvidas e leituras feitas. 
 
A eterna contadora de estórias
Paulina Chiziane foi a primeira moçambicana a publicar um romance - Baladas de Amor ao Vento, em 1990 - mas nega o título de romancista. Uma aluna perguntou o porquê desta renitência, Chiziane esclareceu que a sua literatura é inspirada, sobretudo, nos contos à volta da fogueira. “Eu continuo contando estórias, umas pequenas, outras grandes”, disse.
 
A escritora acredita numa literatura de crítica social e de promoção da cultura moçambicana. A tradição moçambicana é um elemento constante nas suas obras.
 
No fim da conversa, Paulina Chiziane ofereceu o seu livro de contos “As andorinhas” à biblioteca daquela instituição de ensino. Depois ouviram-se aplausos. No rosto dos jovens, o sorriso estampado revelava alegria.
 
No âmbito da Feira Internacional do Livro de Maputo, a ser realizada de 6 a 8 de outubro, está a decorrer, até ao dia 30 de julho, um concurso de contos para alunos do ensino secundário. A conversa com a escritora terá sido “uma colher de chá” para os concorrentes.
 
As atividades “A caminho da Feira” continuam a decorrer. Depois da Escola Secundária Eduardo Mondlane, segue-se a de Catembe. E lá, o comandante será o poeta Sangare Okapi. 
 
A Feira do Livro de Maputo e as atividades “A caminho da Feira” são iniciativas do Conselho Municipal de Maputo com a parceria da UCCLA.
 
 
 
 
Publicado em 14-07-2016