Lançamento da obra vencedora do Prémio Literário UCCLA

Lançamento da obra vencedora do Prémio Literário UCCLA

Decorreu, dia 13 de junho, no Auditório da APEL, na Feira do Livro de Lisboa, o lançamento da obra vencedora da primeira edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa intitulada “Era uma vez um Homem” da autoria de João Nuno Azambuja.
 
A primeira edição do Prémio Literário UCCLA reuniu a participação de 722 autores concorrentes, com 865 obras a concurso. Trata-se de uma parceria com a Editora “A Bela e o Monstro” e o Movimento 2014 e com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa. Face à grande adesão na primeira edição, foi lançada, no mesmo dia, a segunda edição do Prémio Literário UCCLA - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa. Veja aqui o novo Regulamento da 2.ª edição
 
 
 
    
 
 
Vitor Ramalho, Secretário-geral da UCCLA, afirmou ter sido muito positivo “termos dado corpo a este projeto” que contou com uma “participação significativa” de concorrentes. De seguida, leu uma mensagem do Ministro da Cultura de Portugal, Luís Filipe Castro Mendes, que felicitava a UCCLA e os seus parceiros, a Editora A Bela e o Monstro e o Movimento 2014, e o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, pelo “sucesso obtido na primeira edição do Prémio Literário - Novos Talentos, Novas Obras em Língua Portuguesa”, acrescentado que a “UCCLA está, assim de parabéns, por ter lançado este prémio literário e pela capacidade de organização demonstrada, ao ter conseguido dar cumprimento ao objetivo proposto de revelar e promover novos escritores”. Leia aqui a mensagem
 
Vitor Ramalho entregou, simbolicamente, o livro premiado ao próprio autor. 
 
      
 
Para o consultor do júri do concurso, António Carlos Cortez - poeta e crítico literário, e consultor do Prémio Nacional de Leitura - reconhecendo que o “trabalho feito pela UCCLA, de há uns anos para esta parte, é meritório e tem tido uma presença muito relevante no universo de língua portuguesa”, acrescentou que “falar da UCCLA é falar de uma importante instituição que tem feito, de facto, muito pela promoção e defesa da língua e da cultura portuguesa”.
 
Sobre a diversidade de géneros apresentados a concurso, António Carlos Cortez, referiu que das “722 candidaturas houve o cuidado de procurar que essas vozes fossem o mais ecléticas possíveis, ou seja não estamos perante um prémio literário que queira fazer uma espécie de canonização de um género, romance ou poesia, o que vemos aqui, quer nas menções honrosas quer na própria obra que mereceu o prémio, essa diversidade de práticas de linguagem”. 
 
    
 
Em relação às menções honrosas, “Memórias Fósseis” de Wesley d’ Almeida cujo “título é interessante porque supõe que a poesia é também uma espécie de memória fóssil e exige, como prática de escrita, uma indefinição da própria palavra - a ideia de memória e de fóssil, coisa que está inscrita no subterrâneo da linguagem” e a “Ausência” de Ana Beatriz Leal Saraiva é um livro “cujas fronteiras entre poesia e prosa são também um pouco ténues, mais marcadamente prosa, mas com muitos momentos de imagens poéticas fortes”.
 
Relativamente ao premiado, António Carlos Cortez referiu que “diante de todas as obras, esta nos pareceu que traz consigo algumas particularidades” acrescentando que “não estamos perante uma história do ponto de vista tradicional” com um título “enganador, e nesse sentido, é um título feliz” e onde “logo na primeira frase, nós somos convidados a entrar na ação, por meio de uma frase que começa com “e”, com uma copulativa… não foi contado nada antes e nós já estamos dentro da história”. 
 
O consultor salienta, assim, alguns aspetos da obra vencedora: “a construção da narrativa, uma construção polifónica”, a “mensagem ideológica” e a “capacidade de por a dialogar várias vozes numa tradição cultural” como Kafka, Santo Agostinho, Nietzsche, Kant, com “imensa ironia”.
 
 
Para Fernando Pinto do Amaral - poeta, Comissário do Plano Nacional de Leitura, Professor da Faculdade de Letras e membro do júri - reforçou a importância deste prémio literário que “veio ocupar um lugar já seu”, com uma grande “diversidade de originais, diversidade de países”.
 
Em relação ao livro vencedor é “um livro diferente e que muito me impressionou” que chama a “atenção para uma sociedade massificada, onde todos parecemos iguais, onde há uma homogeneização igual”, concluindo que é “uma escrita muito poderosa, muito intensa, muito revoltada, que se lê de um fôlego, muito oralizante”.
 
João Pinto Sousa, editor de “A Bela e o Monstro” e membro do júri, salientou a realização do Prémio Literário, da “lógica de partilha” entre entidades que valorizam a língua portuguesa e agradeceu ao “júri muito prestigiado” e rigoroso que engrandeceu o concurso. 
 
José Ribeiro e Castro, coordenador do Movimento 2014 e dos 800 anos da Língua Portuguesa, realçou a realização deste Prémio e a adesão das 865 obras a concurso. 
 
O autor João Nuno Azambuja “emocionado” com as palavras proferidas pelos críticos literários referiu que o seu livro “é bom de ler”, “entra-se abruptamente no livro e parece que falta lá uma página, mas é mesmo assim”. Agradeceu a capa do livro, concebida por Maria João Ribeiro, onde está desenhado “um homem sem rosto, um homem sem nome, mas ao entrarmos dentro da vida dele (personagem principal) vamos perceber que, se calhar, somos todos nós”.
 
O livro estará disponível na FNAC em Lisboa, Porto e Braga.
 
 
Rui Lourido, coordenador Cultural da UCCLA, procedeu, ainda, à apresentação do livro “Literatura e Lusofonia” do IV Encontro de Escritores de Língua Portuguesa, evento organizado pela UCCLA anualmente - e que, na próxima edição, contará com a presença do escritor agora premiado. 
 
 
Na ocasião deu a conhecer os múltiplos escritores que marcaram presença nas várias edições dos Encontros de Escritores e afirmou que um “escritor seja ele africano, asiático, europeu ou do continente americano, no caso de ser brasileiro, ao expressar-se na sua língua materna, sem dúvida que a enriquece” para concluir que “a literatura é um elemento chave da diversidade cultural que consubstancia e enriquece as múltiplas identidades das nossas sociedades, com mais de 500 anos de história”.
 
 
 
Publicado em 14-06-2016