Exposição em Maputo celebra a “Ilha dos Poetas”
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Exposição em Maputo celebra a “Ilha dos Poetas”
Moçambique | Maputo
Publicado em 23-02-2018
O Centro Cultural Português em Maputo inaugurou, dia 22 de fevereiro, uma exposição de fotografias sobre a Ilha de Moçambique, que comemora este ano 200 anos de elevação a cidade.
 
Trata-se de uma exposição cuja instalação reúne textos de Alberto Lacerda, Calane da Silva, Eduardo White, Glória de Sant’Anna, José Craveirinha, Luís Carlos Patraquim, Luís de Camões, Luís Filipe Castro Mendes, Mia Couto, Rui Knopfli, Tomás António Gonzaga, Virgílio de Lemos e uma canção popular.
 
Luís Vaz de Camões, expoente máximo da literatura e língua portuguesas, viveu dois anos (1568 – 1570) na Ilha de Moçambique. Reza a história que foi na Ilha de Moçambique que Camões fez a revisão final do seu épico 'Os Lusíadas'. Desembarcou de uma caravela que escalou a ilha, rumo a Mombaça. Ali ficou até que foi salvo por Diogo Couto que o levou de volta a Lisboa.
 
Este é um dos primeiros contactos, de que há memória, entre a Ilha de Moçambique os poetas que, anos mais tarde, viria a ser o archote de muitos poetas moçambicanos. É a assim que a primeira capital moçambicana, incrustada no Oceano Índico, viria a converter-se na “Ilha dos Poetas”, pois dela apropriaram-se para produzir versos lindos que figuram no panteão da literatura nacional e mundial.
 
É sobre a relação entre a Ilha de Moçambique e os escritores moçambicanos que o “Camões” - Centro Cultural Português em Maputo, decidiu organizar uma exposição, intitulada “A Ilha dos Poetas”.
 
O mote desta exposição, que estará patente até 30 de março, é a celebração dos 200 anos de elevação da Ilha de Moçambique à categoria de cidade.
 
Os poemas desta mostra, sob curadoria do escritor e ensaísta Nelson Saúte, estão em diálogo com fotografias de João Costa (Funcho), José Cabral, Moira Forjaz, e Sérgio Santimano e com imagens do acervo do Arquivo Histórico de Moçambique e do Centro de Documentação e Formação Fotográfica.
 
“Não se pretende apresentar uma visão histórica ou cronológica da Ilha de Moçambique, mas lançar o desafio de revisitar a mitologia poética da Ilha evocada em versos, textos e fotografias dos seus mais ínclitos cultores”, esclarece o comunicado de imprensa.  
 
No texto introdutório da exposição descreve-se o espaço como um “lugar de encontro, onde se fala árabe, swahíli, macua, português, eu sei lá! da diversidade, hierático mosaico cultural”.
 
A Ilha de Moçambique está situada na província de Nampula, a qual deu o nome ao país do qual foi a primeira capital. Devido à sua rica história, manifestada no património arquitetónico, a Ilha foi considerada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1991 Património Mundial da Humanidade.
O seu nome, que muitos nativos dizem ser Muipiti, é derivado de Mussa Bin-Bique personagem sobre quem se sabe muito pouco.
 
Arquitectonicamente, a Ilha está dividida em duas partes: a “cidade de pedra” e a “cidade de macuti”. A primeira tem cerca de 400 edifícios, incluindo os principais monumentos, e a segunda, na metade sul da ilha, tem cerca de 1200 casas de construção precária. No entanto, muitas casas de pedra são igualmente cobertas com macuti.