Apresentação da “Crónica de uma amizade fixe” de Vitor Ramalho na UCCLA
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Apresentação da “Crónica de uma amizade fixe” de Vitor Ramalho na UCCLA
Publicado em 06-12-2017
A apresentação do livro de Vitor Ramalho “Crónica de uma amizade fixe”, que se realizou no auditório da UCCLA, no dia 5 de dezembro, ultrapassou todas as expetativas.
 
Não apenas pelo número de presenças (cerca de trezentas) - foi necessário abrir uma outra sala -, como com a forte representatividade dos convidados de todos os setores das forças armadas, eclesiásticas, passando por diplomatas, colegas de curso de direito do autor, até associações sindicais, empresariais, lusófonas, tribunais superiores e muitos, muitos amigos. 
 
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Damos nota que muitas pessoas, porque já tinham à mesma hora compromissos, enviaram saudações. Foram os casos de Jorge Sampaio, António Costa, Ferro Rodrigues, António Campos, Manuel Alegre, Leonor Beleza, João Semedo, Catarina Vaz Pinto, Fernando Medina, Fernando Aguiar Branco, Nuno Magalhães, Aurora Cunha, Rosa Mota, Santos Cabral, Carlos Mendes, Ilídio Pinho entre outros, e vários membros do Governo por coincidência de uma reunião também a esta hora. Face a todas estas mensagens, disponibilizamos aqui a mensagem de Jorge Sampaio a título de exemplo.
 
As intervenções dos oradores, Vitor Melícias e Ana Catarina Mendes, e da representante da editora, Guilhermina Gomes, e por fim do autor, Vitor Ramalho, foram precedidas da apresentação de um vídeo com uma canção de Carlos Mendes, com letra de Mário Soares com o título “Para ti meu amor”, dedicada a Maria Barroso - Veja aqui o vídeo da canção.
 
No final o autor assinou mais de uma centena de livros. Era visível a alegria com que os convidados no final confraternizaram, reconhecidos pela beleza da apresentação.
 
As intervenções poderão ser lidas, todas na íntegra, mas ficam aqui alguns excertos:
 
Para Vitor Melícias “a amizade não é um mero conceito abstrato ou palavra simpática que dê título e capa de livro”. O livro do amigo Vitor Ramalho - cuja amizade nasceu nos corredores da Faculdade de Direito, e que carinhosamente chama de Vitinho - “fala por si e diz claramente de que é que se trata. Só que saber de que se trata não é o mesmo que saborear aquilo de que se trata, sorver a beleza de cada estória, vibrar com a emoção, que cada página e cada evocação nos provocam”.
 
Confidenciou que das várias apresentações de livros que já fez “nenhum talvez, porém, tendo a amizade como mote e motor em tão elevado clima e ambiente daquela amizade, que, gerada nos tratos de infância ou nos bancos da escola ou, mais ainda, na solidariedade das trincheiras ou dos exames na Universidade, se torna força condutora de vidas.” 
 
“É certo que Mário Soares e Maria Barroso não precisam de homenagens de outrem para serem reconhecidos. As suas vidas e os seus nomes são, só por si, a maior homenagem que se pode prestar às suas pessoas e à sua memória”, enaltecendo que “enquanto crónica sem a pretensão de ser livro de história, tudo aquilo que relata é história da mais pura, feita de factos vividos e plenamente testemunháveis por qualquer de nós.”
 
Leia, na íntegra, a intervenção de Vitor Melícias
 
 
Para Ana Catarina Mendes este livro “não é apenas de homenagem da amizade de Vítor Ramalho por Mário Soares, mas é um testemunho daquilo que tem sido a nossa história democrática, com tantos homens e tantas mulheres que a souberam construir”, acrescentando que é um livro “que é, acima de tudo, um grande hino à amizade, à profunda e leal amizade que os uniu e que ainda une ao seu querido, ao nosso querido, Mário Soares.”
 
Recordando a sua própria amizade com Mário Soares, Ana Catarina Mendes afirmou “é esse Mário Soares corajoso, combativo, animal político, bem resolvido e de bem com a vida, uma personalidade que aliava a simplicidade e a complexidade, que atravessa todo este livro, que se lê de um trago só.”
 
Ana Catarina Mendes referiu que “o legado de Mário Soares é exatamente esse, sermos permanentemente inquietos, sabermos transformar a inquietação em ação, para podermos fazer um país e um mundo mais justo e solidário, onde as pessoas, todas as pessoas, tenham a oportunidade de se realizar” finalizando que “esta “Crónica de uma Amizade Fixe” é para além de um hino à amizade, que referi ao início, um bom contributo para a nossa permanente inquietação.”
 
Leia, na íntegra, a intervenção de Ana Catarina Mendes
 
 
Para Guilhermina Gomes - editora que, durante vinte anos, foi editora de Mário Soares - é uma “honra enorme poder ser a editora deste livro”, um livro onde o “Dr. Mário Soares aparece, salta-nos do livro as frases que o Vítor evoca. A Dr.ª Maria de Jesus também, nós ao lermos, sabemos e temos a certeza que nós estamos quase perante eles”.
 
“Nós devemos passar a palavra deste livro, devemos mencioná-lo, falar sobre ele, para que as gerações mais novas que são obviamente, muitos serão filhos e alguns serão netos, possam ter sempre presente a extraordinária figura do Dr. Mário Soares e a única e extraordinariamente, também, figura da Dr.ª Maria de Jesus” finalizou.
 
Leia, na íntegra, a intervenção de Guilhermina Gomes
 
 
Vitor Ramalho manifestamente satisfeito grato a todos os presentes, familiares e amigos, afirmou que a “amizade é um bem supremo do ser humano” e falou um pouco da sua vida, da sua infância, da sua terra, das suas gentes e do sentido de pertença.
 
A sua proximidade a Mário Soares começou enquanto estudante, onde os caminhos o conduziram “à extrema-esquerda, na altura não faltando as palavras de ordem contra as opções do socialismo ao que apelidámos de burguês, do tipo “é sempre a mesma melodia, Mário Soares e a social-democracia. E de nada valia dizerem-nos que aquele homem era personalidade que por doze vezes recolhera aos calabouços da prisão por razões políticas. Nós tínhamos nessa idade, a idade das certezas.”
 
Vitor Ramalho confidenciou que com Mário Soares “revivi a alegria de viver da minha juventude em Angola, porque havia nele também um horizonte sem fronteiras e tudo era próximo para ele. Ele tinha uma conceção universalista, uma forma desengravatada de estar em qualquer ambiente, a grandeza da política com um P grande que praticava, a transparência, a liberdade. Sim, a liberdade, sobretudo o amor à Liberdade, à Democracia e ao Progresso. E muita, muita coragem por um ideal. Caraterística que ele dizia que devia ser a primeira que um político devia ter. Mário Soares foi a circunstância que me conduziu a reforçar a grandeza da alma lusófona, a grandeza do povo português e de Portugal.”
 
“De alguma maneira, o Mário Soares, fez-me andar sempre sobre o fio da navalha na política, como o livro que hoje é apresentado reflete. E andar no fio da navalha não é fácil nem agradável, muitas vezes cortamo-nos e cortam-nos. Mas o caminho só é este, porque andar assim suscita dúvidas sobre o futuro, como a Ana já referiu, sobretudo neste mundo incerto e faz levantar o dedo contra eventos que ferem princípios e valores. Procurei fazê-lo sempre procurando defender um percurso de coerência como homem livre, consequência também da luta de Mário Soares, de que fomos e somos beneficiários dela, mesmo sem admiração por ele.”
 
Vitor Ramalho, amigo de mais de 30 anos de Mário Soares, finalizou afirmando que “ele era mesmo fixe e a última palavra que lhe dirigi quando o cortejo fúnebre passou à porta da sede do partido, que ele fundou, foi essa. Eu gritei, sentindo uma lágrima furtiva, escondendo-me das camaras de televisão e disse… Soares é mesmo fixe!
 
Leia, na íntegra, a intervenção de Vitor Ramalho
 
 
 
 
Nota: Algumas das fotografias foram cedidas pela Câmara Municipal de Lisboa - Armindo Ribeiro